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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT X PT
Com 95,6% dos votos apurados, candidato do Campo tem vantagem de 7.091 sobre Pont, que reconheceu derrota e prometeu apoio
Berzoini vence e quer pacto para reeleger Lula
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro e deputado Ricardo Berzoini, 45, é o virtual eleito para presidir o PT nos próximos três anos. Parcial do segundo
turno das eleições internas do
partido, com 95,6% dos votos
apurados, indicava vantagem de
7.091 votos de Berzoini sobre seu
adversário, o deputado Raul Pont.
Após receber números da apuração, no plenário da Câmara,
Berzoini foi cumprimentado por
parlamentares, não apenas do PT.
Do ex-ministro da Casa Civil e
ex-presidente do partido, deputado José Dirceu (SP), recebeu charuto cubano da marca Bolívar.
Candidato pela corrente Democracia Socialista, da chamada esquerda petista, Pont, 61, ligou para Berzoini pouco antes das 18h30
para admitir a derrota e declarar
apoio à gestão do adversário.
Candidato do Palácio do Planalto, Berzoini sai vitorioso de eleição acirrada, em que seu grupo, o
Campo Majoritário, perdeu a hegemonia no Diretório Nacional,
instância máxima do partido.
Sem maioria garantida, o novo
presidente promete abrir diálogo
com tendências minoritárias para
assegurar o que estabeleceu como
sua principal missão: preparar o
partido, que passa por sua maior
crise, para a campanha pela reeleição do presidente Lula.
De acordo com último boletim
de ontem, Berzoini tinha 112.348
votos (51,6%) contra 105.257
(48,4%) de Pont. Coordenadores
da eleição dizem que, para reverter o resultado, o candidato da
Democracia Socialista teria que
obter 80% dos votos não apurados, o que é considerado "improvável". Participaram do segundo
turno 3.249 municípios, 26 Estados e DF.
Após adotar discurso de críticas
pontuais ao governo na primeira
etapa da disputa, o representante
do Campo optou por nova estratégia no segundo turno, defendendo com veemência as realizações de Lula e punições internas
para os petistas acusados de receber dinheiro do suposto "mensalão". Berzoini, bancário que iniciou a militância política como
sindicalista, foi titular de duas
pastas no governo Lula (Previdência e Trabalho). Assumiu a Secretaria Geral do PT quando a cúpula do partido foi derrubada em
meio a denúncias da crise. Sua
posse como presidente será no dia
22, na reunião em que novos
membros do Diretório Nacional
também assumirão as cadeiras.
O presidente interino do PT,
Tarso Genro, negou ontem que,
com a confirmação de uma vitória apertada de Berzoini, o partido
fique dividido. "O partido vai sair
mais unificado nesse processo",
disse. Pont, que também adotou
discurso de conciliação, afirmou
não temer nova debandada. "Os
deputados que deixaram o partido saíram em função do calendário eleitoral", disse.
Berzoini (SP) disse ontem que a
decisão sobre dar ou não legenda
partidária a deputados que renunciarem, para que disputem a
eleição de 2006, ficará a cargo dos
diretórios regionais. "Quem define dar legenda ou não são os diretórios regionais. Não me parece
adequado que o Diretório Nacional tenha uma posição genérica
sobre isso", disse Berzoini.
Berzoini indicou que, ao assumir, em 22 de outubro, não se esforçará para que petistas envolvidos no processo sejam submetidos a uma comissão de ética interna. "O procedimento interno já
está em curso."
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília
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