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LONGO ADEUS
Flávio Molina foi torturado e assassinado
Após 34 anos, família enterra desaparecido
DA SUCURSAL DO RIO
Lágrimas e palavras de ordem marcaram o sepultamento dos restos mortais de Flávio
Carvalho Molina, torturado e
assassinado em novembro de
1971, no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações
de Defesa Interna), em São
Paulo. A cerimônia realizada
na manhã de ontem no cemitério São João Batista, no Rio, pôs
fim a uma longa batalha de familiares e amigos em busca do
corpo de Molina.
"O nosso sentimento é de alívio pelo fim de uma angústia
que nos consumiu por mais de
30 anos", disse Geraldo Molina,
62, irmão de Flávio e vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio.
Geraldo e os irmãos Celso e
Cláudio passaram boa parte do
tempo preocupados com a
mãe, Maria Helena, 89, que fez
questão de ir ao cemitério mesmo de cadeira de rodas e sem
enxergar. Ela passou a mão na
urna funerária, no retrato do filho assassinado e chorou no
momento do sepultamento.
Militante do Molipo (Movimento de Libertação Popular),
Molina deixou a casa dos pais
em 1969, porque já fora preso
uma vez por sua atuação política. Esteve clandestino por dois
anos, parte deles em Cuba.
Preso em 1971, em São Paulo,
às vésperas de completar 24
anos, tornou-se um desaparecido político. Seu corpo foi enterrado no cemitério Dom Bosco, em Perus, com o nome falso
Álvaro Lopes Peralta.
A vala comum em que seus
restos estavam misturados aos
de outros mortos pela ditadura
militar só foi aberta em 4 de setembro de 1990. De lá para cá, a
família recorreu a oito instituições, do Brasil e do exterior, até
conseguir, em 2 de setembro
passado, a prova incontestável
de que a ossada era de Molina.
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