São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2005

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LONGO ADEUS

Flávio Molina foi torturado e assassinado

Após 34 anos, família enterra desaparecido

DA SUCURSAL DO RIO

Lágrimas e palavras de ordem marcaram o sepultamento dos restos mortais de Flávio Carvalho Molina, torturado e assassinado em novembro de 1971, no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo. A cerimônia realizada na manhã de ontem no cemitério São João Batista, no Rio, pôs fim a uma longa batalha de familiares e amigos em busca do corpo de Molina.
"O nosso sentimento é de alívio pelo fim de uma angústia que nos consumiu por mais de 30 anos", disse Geraldo Molina, 62, irmão de Flávio e vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio.
Geraldo e os irmãos Celso e Cláudio passaram boa parte do tempo preocupados com a mãe, Maria Helena, 89, que fez questão de ir ao cemitério mesmo de cadeira de rodas e sem enxergar. Ela passou a mão na urna funerária, no retrato do filho assassinado e chorou no momento do sepultamento.
Militante do Molipo (Movimento de Libertação Popular), Molina deixou a casa dos pais em 1969, porque já fora preso uma vez por sua atuação política. Esteve clandestino por dois anos, parte deles em Cuba.
Preso em 1971, em São Paulo, às vésperas de completar 24 anos, tornou-se um desaparecido político. Seu corpo foi enterrado no cemitério Dom Bosco, em Perus, com o nome falso Álvaro Lopes Peralta.
A vala comum em que seus restos estavam misturados aos de outros mortos pela ditadura militar só foi aberta em 4 de setembro de 1990. De lá para cá, a família recorreu a oito instituições, do Brasil e do exterior, até conseguir, em 2 de setembro passado, a prova incontestável de que a ossada era de Molina.


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