São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Dúvida cruel

Com medo de que o PMDB, vitaminado pelo bom desempenho nas urnas, ganhe ainda mais espaço no biênio final de Lula e na negociação de 2010, o PT vive um dilema em duas praças nas quais não tem cabeça-de-chapa no segundo turno. No Rio, o partido está formalmente ao lado do peemedebista Eduardo Paes e contra o tucano-verde Fernando Gabeira. Mas, em privado, alguns admitem preferir um tombo do governador Sérgio Cabral e, de quebra, de um candidato que até outro dia chamava Lula de chefe de quadrilha.
Em BH, onde o PT deu o vice a Márcio Lacerda (PSB), também não há consenso: para muitos petistas, a prioridade é derrotar o candidato de Aécio Neves; outros, porém, ponderam que a vitória de Leonardo Quintão turbinaria o PMDB além da conta.



Foi um prazer. No pior cenário desenhado pelos petistas, o PMDB, depois de comer do bom e do melhor no governo Lula, chega à conclusão de que o vento virou e se transfere de mala e cuia para a candidatura presidencial de José Serra (PSDB).

Cacau-free. Em encontro quarta no Palácio do Planalto, Serra elogiou a boa forma de Dilma Rousseff, que emagreceu sete quilos. "Nada demais", respondeu a ministra da Casa Civil, potencial adversária do governador em 2010. "Foi só cortar o chocolate."

Maldade. Ao avistar Luiz Dulci entre os ministros de Lula que vieram a São Paulo dar uma força a Marta Suplicy e desancar Gilberto Kassab, um tucano caprichou na ironia: "Não podemos bater nele. É nosso aliado em Belo Horizonte". Dulci, como se sabe, abomina o acordo tucano-petista na capital mineira.

Recall. Ainda que a prisão de Marcos Valério tenha se dado por motivos alheios ao mensalão, seu ressurgimento no noticiário ocorreu em péssima hora para a campanha de Márcio Lacerda. O candidato da dupla Aécio Neves-Fernando Pimentel vinha num esforço para desvincular seu nome do escândalo de 2005.

Fornada. Não há notícia de que o expediente tenha surtido efeito no primeiro turno. De todo modo, o PT fará amanhã uma série de gravações com ministros para a nova fase da propaganda de TV.

Abraçados. Tempos atrás, Henrique Meirelles quis deixar o Banco Central. Mudou de idéia. Tempos depois, Lula quis tirá-lo. Mudou de idéia. Agora, a crise financeira internacional cuidou de uni-los por tempo indeterminado.

Sumiu. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse que a crise não afetará a exploração do petróleo do pré-sal. A declaração deve ser lida ao contrário. O assunto, que poucas semanas atrás dominava a agenda do governo, tende a desaparecer da pauta.

Sem firula. Vendido como principal inovação da peça de 2009, o "orçamento participativo federal", com cerca de R$ 3 bilhões que seriam alocados por decisão popular, não deve escapar à tesoura da crise. "Vamos apresentar o anexo apenas como sugestão e esperar para ver se será executado", diz o presidente da comissão, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).

Segunda chamada. O novo balanço do PAC, que deveria ter ocorrido na semana passada, foi transferido para depois do segundo turno. A alegação é que os ministros, em campanha, não conseguiram fechar seus relatórios. No balanço anterior havia 4% de obras concluídas. Agora, Dilma quer chegar a 10%.

Lugar na fila. Em conversa com Lula, Tarso Genro (Justiça) definiu três áreas prioritárias para a implantação do Pronasci, vulgo PAC da Segurança: Recife, em deferência ao governador Eduardo Campos (PSB), Rio, terra do aliado Sérgio Cabral (PMDB), e o entorno do Distrito Federal, uma áreas das mais violentas do país.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO



Tiroteio

"O resultado da eleição consolida o PMDB como partido regulador do sistema político brasileiro. O PT terá de trabalhar duro para mantê-lo na coalizão em 2010."
Do ministro petista TARSO GENRO, sobre o bom desempenho do partido aliado no primeiro turno das eleições municipais.



Contraponto

Zoneamento eleitoral

Na campanha eleitoral de 2000 -pré-Cidade Limpa, portanto-, o vereador Antônio Goulart (PMDB) foi à zona sul de São Paulo procurar um muro para instalar sua propaganda, mas percebeu que praticamente todos haviam sido tomados pelo colega Milton Leite (ex-PMDB, hoje DEM). Prestes a desistir da busca, avistou um muro em construção e apresentou-se ao pedreiro.
-Gostaria de alugar este muro. Você sabe me dizer quem é o proprietário do terreno?
O pedreiro coçou a cabeça e respondeu:
-Olha, acho que não vai dar... Foi o doutor Milton Leite quem mandou erguer este aqui.


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