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Olimpíada altera xadrez eleitoral no Rio
Com a escolha da cidade como sede dos Jogos de 2016, Gabeira deve desistir de concorrer ao governo do Estado e disputar Senado
Decisão de deputado do PV atrapalha planos de Serra, provável candidato do PSDB à Presidência, que pode ficar sem palanque forte no RJ
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A escolha do Rio como cidade-sede para a Olimpíada de
2016 conferiu fôlego ao governador e candidato à reeleição,
Sérgio Cabral Filho (PMDB). A
constatação -que é da própria
oposição no Estado- tem servido até de pretexto para uma
possível desistência do deputado Fernando Gabeira (PV).
Prestes a abandonar a corrida pelo Palácio Guanabara, Gabeira avisava, antes mesmo do
anúncio, que a escolha do Rio
pesaria na sua decisão.
Hoje, Gabeira reitera que a
escolha do Rio "tem um peso
grande positivo para quem esteve à frente do processo".
"Fortalece. Uma vez a pessoa
conquistando uma vitória na
Olimpíada, ela fica com crédito
para concretizar a proposta que
tornou vitoriosa", afirmou.
Dizendo-se disposto a concorrer ao Senado -"essa é a
tendência"-, Gabeira avalia
que a vitória do Rio atenua até a
pressão para que dispute o governo do Estado. "[A escolha do
Rio] não é o ponto que definiu
meu caminho. Mas, se ele tivesse perdido a Olimpíada, haveria
uma pressão maior sobre mim
para que eu fosse candidato."
No Rio, um W.O. de Gabeira
debilita ainda mais o palanque
do governador e potencial candidato do PSDB à Presidência,
José Serra. Gabeira é hoje o
único candidato da oposição ao
governo federal no Estado.
Além dele e de Sérgio Cabral
Filho, estão no páreo o ex-governador Anthony Garotinho
(PR) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT). Os
dois da base do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Tanto Lindberg como Garotinho reconhecem que o anúncio garante musculatura ao governador. Mas minimizam.
"Cabral vai capitalizar politicamente. Ele estava mal. Só tinha Lula. Agora, tem Lula e
Rio-2016. Mas essa euforia não
dura 30 dias", disse Lindberg.
Segundo Garotinho, "num
primeiro momento", a escolha
tem impacto. "Se fizer uma pesquisa agora, é claro que ele
[Sérgio Cabral Filho] vai dar
uma subida. Mas depois dilui."
Também para Gabeira, o governador será responsabilizado
pelas limitações enfrentadas
pelo Estado para sediar os Jogos Olímpicos.
Candidato ao Senado pelo
DEM, o ex-prefeito Cesar Maia
afirma que, "se a eleição fosse
na semana seguinte à escolha",
haveria maior impacto. "Mas
agora entra a fase das cobranças onde o eleitor não tem por
que ter noção dos tempos e cronogramas, e aí entra a fase do
desgaste para quem governa."
Cabral terá de driblar outros
obstáculos, além das limitações
do Estado para a realização dos
Jogos. Na arena política, enfrentará a própria base aliada
ao governo federal.
Segundo seus aliados, Garotinho foi estimulado por emissários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando optou
pelo PR como novo partido.
Dois ministros teriam sugerido sua filiação ao PR. Amanhã, ele se encontra com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em Brasília.
Segundo interlocutores de
Dilma, a intenção é impedir
que ela seja refém do governador e asfixiar Serra no Rio.
"O Estado é o maior problema do PSDB. A Olimpíada é um
dado a mais", admite o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
A situação é tão delicada que
o prefeito de Duque de Caxias,
José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB), não descarta uma
aliança com Cabral. "Não vejo
nada de anormal nisso."
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