São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997.



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DIPLOMACIA
Chelsea, filha do casal, é a única da família que nunca se envolveu em polêmicas
Clinton e Hillary comemoram 22 anos de relação atribulada

de Washington

Bill e Hillary Clinton comemoraram ontem 22 anos de um casamento que tem sido uma relação atribulada, mas que resiste.
Eles se conheceram na prestigiosa Universidade de Yale, onde os dois se bacharelaram em direito.
Tinham experiências sociais muito diversas, mas repartiam ideais típicos da maioria dos jovens de sua geração (ele nasceu em 19 de agosto de 1946, ela vai completar 50 anos no próximo dia 26).
Clinton não conheceu o pai. William Jefferson Blythe morreu em acidente de automóvel três meses antes do atual presidente nascer e receber o mesmo nome do pai.
A mãe, Virginia Kelley, uma mulher exuberante que até o fim dos seus 70 anos de vida gostava de jogar em cavalos, usar "make-ups" exagerados e tomar seus aperitivos, deixou a cidadezinha de Hope, em Arkansas, Sul do país, para estudar enfermagem em Nova Orleans. O pequeno Bill ficou com os pais dela até ela se casar de novo.
O padrasto do garoto, Roger Clinton, o adotou e lhe deu um novo sobrenome. O ambiente doméstico não era bom. Roger bebia demais e não poucas vezes agrediu Virginia. O casal se separou e voltou a se casar. Virginia afinal enviuvou dele e depois de mais um marido. Ela morreu em 1995.
Hillary veio de uma situação familiar muito mais estável. Seu pai tinha uma pequena indústria têxtil em Chicago, Meio-Oeste do país, a mãe foi uma bem ajustada dona-de-casa. A única menina e a mais velha de três crianças, Hillary cursou excelentes escolas em que se destacou pelo espírito de liderança e pela grande inteligência.
Com Kennedy
Diz a lenda que Bill Clinton resolveu ser presidente dos EUA no dia, em 1963, em que apertou a mão de John Kennedy, no Jardim das Rosas da Casa Branca, quando o presidente recebia líderes de um movimento cívico de estudantes.
Verdade ou não, o fato é que o rapaz escolheu a política, não a música, sua outra opção profissional. Deixou o grupo "Three Blind Mices" (Três Ratos Cegos), em que tocava saxofone nos bailes de Arkansas, e veio para a Universidade Georgetown, em Washington.
Pagava os estudos trabalhando no escritório do senador William Fulbright, o principal líder no Congresso da oposição à Guerra do Vietnã e fundador do programa das famosas bolsas de estudo. Em 1992, Fulbright, aposentado, disse à Folha sobre o candidato presidencial do seu Arkansas: "O país estaria melhor servido se ela (Hillary) fosse a candidata".
Mas Bill ia avançando. Ganhou uma prestigiosa bolsa de estudos, a Rhodes, e viveu dois anos em Oxford, Inglaterra. Nunca terminou seu curso lá. Mas, barbudo e magro, viajou por toda a Europa, inclusive a então União Soviética.
Casamento
De volta aos EUA, foi para Yale, onde conheceu Hillary. Enquanto ele se envolvia com o Partido Democrata, ajudando a campanha de George McGovern à Presidência, ela se especializava em direito familiar e trabalhava como assessora da CPI do Senado que julgava o impeachment de Richard Nixon.
Casados, seguiram para o Arkansas, onde os dois ensinaram direito. Em 78, Clinton se tornou o mais jovem governador do país. Quis fazer um governo de esquerda e se deu mal. Perdeu a reeleição.
A derrota de 1980 mudou a sua carreira política. Guinou para o centro, decididamente. Voltou ao governo de Arkansas em 1982 e só saiu de lá para a Casa Branca.
Hillary se tornou sócia do mais importante escritório de advocacia do Arkansas, a Rose Law Firm, e entrou para a lista dos cem advogados mais importantes do país.
Em 1980, o casal teve sua única filha, Chelsea, a integrante da família que nunca se viu envolvida em polêmicas públicas. Se os Clinton fizeram alguma coisa bem feita juntos foi a educação da filha.
Constrangimento
O meio-irmão de Bill, Roger, passou 18 meses preso por porte de cocaína na década de 80 e o governador não interferiu para ajudá-lo. Roqueiro medíocre, Roger provocou pequenos constrangimentos ao irmão-presidente, mas parece ter assentado depois que, há dois anos, teve um filho, Tyler.
Hillary tentou ter um papel de destaque no governo de seu marido como coordenadora das mudanças radicais que ele queria impor ao sistema nacional de saúde, mas o projeto foi rechaçado pelo Congresso e pela opinião pública.
Acossada pelas acusações do caso Whitewater, ela se retraiu e tem desempenhado funções mais tradicionais de primeira-dama.



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