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SOB PRESSÃO
PSDB e PFL, que comandam a oposição, somam apenas 0,08%
PT concentra 25% de emendas individuais pagas pelo governo
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Até a última segunda-feira, véspera do compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
acelerar a liberação de dinheiro
para as bases eleitorais de deputados e senadores, o PT concentrava 25% das emendas parlamentares individuais já pagas pelo governo, contra apenas 0,08% do
PSDB e PFL. As duas legendas comandam a oposição e reúnem 41
votos a mais no Congresso do que
o partido do presidente.
Dados do Siafi (sistema de
acompanhamento de gastos federais) mostram que a menos de
dois meses do fim do ano haviam
sido pagos apenas R$ 50,4 milhões (ou 5,7%) das emendas individuais com destino claro no
Orçamento da União. Quase R$ 5
bilhões de emendas parlamentares ficarão no papel.
Um dos deputados mais bem-sucedidos até aqui foi Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, a
quem Lula disse certa vez que daria um "cheque em branco". Ele
tem mais de 90% das emendas
com dinheiro reservado no Orçamento, 30% delas já foram pagas.
Financiaram estímulo ao turismo
nos municípios de Rio das Flores,
Vassouras e Bom Jardim, por
exemplo.
Integrante da base de apoio do
governo, o PTB teve um resultado
duas vezes melhor do que o PT
em percentual das emendas pagas: 13,2% do valor total das
emendas apresentadas pelos petebistas havia sido pago até o último dia 8. É o melhor desempenho
na base governista.
Postos e calçadas
O Siafi indica ainda que o Ministério da Saúde é a pasta que concentra o maior volume de emendas parlamentares. Não foi à toa
que metade do dinheiro liberado
nesta semana irá reforçar promessas de gastos do ministério.
Um exemplo desse tipo de emenda é a que destina R$ 100 mil para
as unidades de atenção básica de
saúde no município de Angatuba
(SP), da petista Iara Bernardi:
R$ 80 mil já foram pagos.
Obras de infra-estrutura urbana
do Ministério das Cidades também têm grande apelo no Congresso, mais até do que a construção de quadras poliesportivas
(Esporte) ou obras em estradas
(Transportes). Um exemplo foram os R$ 61 mil liberados para
obras nas ruas do município de
Anaurilândia (MS).
Cada congressista dispõe de
uma cota de R$ 2,5 milhões de
emendas no Orçamento da
União. Aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo presidente,
essas emendas transformam-se
em despesas autorizadas por lei.
O dinheiro pode ser gasto ou ficar
no papel.
Emendas coletivas
A Folha apurou que a maioria
das chamadas emendas coletivas,
apresentadas por bancadas de determinado Estado ou por subcomissões temáticas do Orçamento,
será ignorada pelo governo. Elas
somam R$ 4,7 bilhões e representam a maior fatia de emendas feitas por deputados e senadores.
O compromisso do governo de
liberar dinheiro para as emendas
parlamentares alcança apenas
uma pequena fatia delas. Tradicionalmente, as emendas são o
primeiro alvo de cortes no Orçamento da União.
Na última terça-feira, no esforço
para tentar recompor a base política do governo no Congresso Nacional depois das eleições municipais de outubro, o presidente Lula
prometeu que, do total de cerca
de R$ 6,1 bilhões das despesas dirigidas às bases eleitorais dos congressistas, cerca de R$ 1,2 bilhão
seria objeto de compromisso de
gasto (o chamado "empenho", no
jargão do Orçamento) até o final
deste ano.
Os pagamentos das emendas
também seriam acelerados. Eles
deverão chegar a cerca de R$ 550
milhões até 31 de dezembro. O
restante vai engrossar a conta de
pagamentos pendentes (chamados de "restos a pagar") no próximo ano.
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