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Presidente tenta
tirar João Paulo
de reeleição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para segurar o PMDB no governo, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva convenceu o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) a
sepultar na semana que vem a
idéia de reeleição dele à presidência da Câmara e de José Sarney
(PMDB-AP) à presidência do Senado. Ao mesmo tempo, estuda
reforma ministerial que passa pela ida de José Dirceu (Casa Civil)
para comandar a Câmara e por
rearranjo no primeiro escalão
maior do que desejava.
Essa operação, consumada até
fevereiro de 2005, serviria para
Lula montar equipe baseada nas
forças que apoiarão sua reeleição
em 2006. No cenário principal, Ricardo Berzoini (Trabalho) iria para a Casa Civil. Ele é visto por Lula
como bom gerente e daria perfil
mais administrativo à Casa Civil.
Com trânsito na oposição e experiência administrativa, o governador Jorge Viana (PT-AC) é outra
opção para a Casa Civil.
Para Lula, Dirceu é o único nome do PT que acabaria com uma
disputa fratricida no partido pela
sucessão de João Paulo. "O Zé
[Dirceu] é craque e resolveria tudo", disse o presidente a petistas,
ao falar da maior crise congressual de seu governo.
João Paulo substituiria Berzoini
ou Aldo Rebelo (Coordenação
Política). Nessa última hipótese,
Aldo poderia ir para o Trabalho.
Lula gosta de Aldo na articulação
política, mas o PT cobiça a vaga.
Na área social, Lula estuda mudanças a fim de levar o líder do PT
no Senado, Aloizio Mercadante
(SP), para um ministério.
Para sanar a crise no Congresso,
o primeiro passo é matar a emenda da reeleição. O principal opositor da emenda, o líder do PMDB
no Senado, Renan Calheiros (AL),
é vital para Lula manter com ele a
maioria peemedebista.
Para o deputado João Paulo capitalizar politicamente, ele deverá
tomar a iniciativa de tirar a emenda de pauta de consenso com os
líderes partidários. Faria o discurso de que a Câmara não pode parar e prejudicar o país.
Enterrada a reeleição, Renan,
que quer suceder Sarney, trabalharia para a maioria do PMDB
adiar a convenção nacional de 12
de dezembro ou para vencê-la.
Lula terá de se entender com Sarney, o aliado de que mais gosta no
PMDB. A filha de Sarney, Roseana, deixaria o PFL e ingressaria no
PMDB para virar ministra. O partido ganharia uma terceira pasta.
E Lula acertaria parceria com a sigla para a sua reeleição em 2006 e
obrigaria o PT a abrir espaços para alianças com peemedebistas
nas disputas estaduais.
Dirceu
No Senegal, onde passou a noite
na viagem para o Cairo, Dirceu
disse que não pretende, no momento, deixar a Casa Civil: "Não
pretendo voltar para a Câmara.
Uma dia [volto porque] sou deputado. A Câmara está muito
bem sem a minha presença". Sobre o PMDB, Dirceu disse que a
situação não mudou porque
quem apoiava o governo Lula
continua apoiando. Dirceu viajou
para o Cairo para representar o
presidente da República no funeral de Iasser Arafat.
Colaborou Leila Suwwam. A repórter
viaja ao Cairo no avião presidencial a
convite do governo federal
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