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CASO LOTERJ
Em fita, deputado relata envolvimento com homicídios
Promotoria investiga no Rio esquema de extermínio
LIGIA DINIZ
DA SUCURSAL DO RIO
Primeiro corrupção, agora homicídio. Às investigações sobre
um esquema de corrupção na Loterj (Loteria do Estado do Rio de
Janeiro) e sobre a suposta tentativa de extorsão do empresário do
jogo Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, poderá ser
somada uma suposta participação de um deputado do Rio em
um grupo de extermínio formado
por ex-policiais.
A informação vem de fita apresentada anteontem pelos advogados de Carlinhos Cachoeira à promotora Dora Beatriz da Costa, do
Ministério Público Estadual, que
investiga o esquema de propinas,
doações para campanhas eleitorais e privilégios na exploração
das loterias no Estado do Rio.
Segundo a promotora, o deputado, que ainda não foi identificado por meio de perícia, dá a entender, na gravação, que participa
de um grupo formado por ex-policiais, que se reúne pelo menos
uma vez por mês para matar "indivíduos indesejáveis". "Bandido
tem que ir para a vala. Esse é meu
papel como deputado", teria dito
o parlamentar na conversa com
um intermediário de Cachoeira.
O deputado relata, na fita, que
reuniu um grupo de homens para
matar os responsáveis pela morte
de vários de seus seguranças, segundo a promotora. Ele conta, na
gravação, o caso específico de um
deles, que teria sido morto ao tentar recuperar uma moto roubada,
em Bangu (zona oeste do Rio), e
que teria sido vingado pelo suposto grupo de extermínio.
Dora Beatriz afirma que tudo leva a crer que se trata do deputado
federal André Luiz (PMDB), acusado de tentar extorquir R$ 4 milhões de Carlinhos Cachoeira. Segundo ela, a fita ainda não passou
por um exame do Ministério Público, mas foi periciada a pedido
dos advogados do empresário.
"Presumo que seja o André
Luiz. A gravação é clara, mas não
podemos afirmar com certeza,
porque ainda não examinamos a
fita. Acredito que um advogado
não se arriscaria a apresentar uma
prova falsa", afirmou a promotora, que receberá as fitas para avaliação na próxima quarta.
Investigação
Em relação à investigação sobre
o esquema de corrupção envolvendo parlamentares e a Loterj,
então presidida pelo ex-subchefe
da Casa Civil Waldomiro Diniz
(fevereiro de 2001 a dezembro de
2002), Dora Beatriz afirmou que
ainda não recebeu o relatório da
CPI, aprovado pela Assembléia
do Rio, e que pede a prisão de
Waldomiro e de Cachoeira.
A promotora diz ainda que estuda a possibilidade de ouvir o depoimento do empresário do jogo
por carta precatória -instrumento pelo qual um órgão judicial pede a outro a realização de
um ato processual fora dos limites
de sua competência territorial.
Cachoeira pediu, na semana passada, para não depor no Ministério Público do Rio, pois estaria
sendo ameaçado de morte.
A assessoria do deputado André
Luiz informa que ele se recupera
de um acidente de automóvel e
não pode conceder entrevistas.
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