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Entidade obteve R$ 33,85 mi antes de ser desativada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Este telefone está programado para temporariamente
não receber chamadas." Ouviu
esse recado quem ligou na sexta-feira para a ONG Urihi - Saúde Yanomami, uma das entidades auditadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
A fiscalização aponta que a
entidade foi criada em 1999 em
Boa Vista (RR) exclusivamente
para celebrar convênios com a
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde), a partir da associação
de seis pessoas e cuja sede era a
própria casa de seus dirigentes.
Até 2002, recebeu R$ 33,85
milhões para prestar assistência à saúde dos índios ianomâmis. O primeiro convênio, de
R$ 8,77 milhões, foi firmado só
três meses após sua fundação,
sem apresentação de certidão
de regularidade fiscal nem documentos comprovando a capacidade jurídica, descumprindo a legislação. Em documento
de 2005, a própria ONG admite
ter sido montada para receber
recursos do governo federal.
"A Urihi decidiu não firmar
novo convênio. A partir daí, a
estrutura administrativa da
Urihi, montada especificamente para apoiar a execução de
convênios com a Funasa, foi
desativada", relata o TCU.
Outro caso destacado pelo
TCU é o da Cunpir (Coordenação da União dos Povos e Nações Indígenas de Rondônia,
norte de Mato Grosso e sul do
Amazonas), que se configura
com "caráter cultural", mas fez
convênios com a Funasa no valor total de R$ 11,39 milhões para prestar assistência médica
aos índios. A Folha tentou falar
com representantes da Cunpir,
mas os números de telefone
nem sequer estão ligados.
Já a APNE (Associação Plantas do Nordeste), que firmou
três convênios com o governo
federal no valor de R$ 8,84 milhões, é citada como "mera intermediadora de gerenciamento de recursos". A fiscalização
diz que a ONG não tem sede
própria e funciona em salas cedidas por empresa pública do
Estado de Pernambuco. O diretor da APNE, Franz Pareyn, diz
que a entidade tem um acordo
de colaboração com a empresa
desde 1994, quando foi criada.
Pareyn rebate as críticas dizendo que há 12 anos a ONG
tem trabalhos com o governo
federal e que em momento algum teve sua capacidade questionada.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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