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STF retoma caso Battisti com placar favorável à extradição
Tendência é que Toffoli, que poderia mudar o rumo do julgamento hoje, não vote
Governo da Itália levanta suspeição sobre voto de ministro por sua atuação na AGU; Gilmar Mendes deve votar a favor de extradição
ANDRÉA MICHAEL
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal
Federal) retoma hoje o julgamento sobre o processo de extradição do ex-militante da extrema esquerda italiana Cesare
Battisti. Além da própria decisão da causa, a sessão traz uma
dúvida preliminar: a participação ou não do mais novo ministro da corte, José Antonio Dias
Toffoli, que tomou posse no dia
23 de outubro. Segundo a Folha apurou, Toffoli não deve
votar.
A participação dele poderia
mudar o destino do julgamento, já que se votar contra a extradição o placar ficaria empatado (5 a 5), levando-se em conta os votos já proferidos e a tendência dos próximos votos, segundo apurou a Folha.
Há um entendimento, que
também deve ser debatido pelos ministros, de que processos
de extradição devem ser comparáveis aos processos penais,
nos quais o empate favorece o
réu.
O julgamento do caso foi iniciado em 9 de setembro e terminou com o placar de 4 votos
a 3 favoráveis à extradição. A
maioria seguiu o entendimento
do relator, ministro Cezar Peluso, que considerou ilegal a
decisão do ministro da Justiça,
Tarso Genro, ao conceder a
Battisti, em janeiro deste ano, o
status de refugiado político.
Ainda em seu voto, Peluso
considerou hediondos e não
políticos os crimes atribuídos a
Battisti pela Itália, situação que
justificaria a extradição.
O relator foi seguido pelos
ministros Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e
Ellen Gracie. Contra a extradição votaram Joaquim Barbosa,
Cármen Lúcia e Eros Grau. A
votação foi suspensa com o pedido de vista de Marco Aurélio
Mello, que, no entanto, sinalizou na ocasião que deverá votar favoravelmente a Battisti.
A tendência é que o presidente da corte, Gilmar Mendes,
vote favoravelmente à extradição, com o que se teria um placar de cinco votos nesta linha.
Caso isso ocorra, os ministros
terão que discutir se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pode ou não contrariar a decisão do Supremo.
Battisti foi condenado à prisão perpétua por envolvimento
em quatro homicídios ocorridos no final da década de 70.
Impedimentos
Não há impedimentos formais para que Toffoli vote hoje.
Há pressões entre as militâncias de direitos humanos, principalmente ligadas ao PT, para
que proceda desta forma.
Na corte, há alguns indicativos, que vão do comentário de
ministros ao próprio regimento, para que ele não participe.
Diz o artigo 134 do regimento, em seu parágrafo 2º: "Não
participarão do julgamento os
ministros que não tenham assistido ao relatório ou aos debates, salvo quando se derem por
esclarecidos".
Como advogado-geral da
União, Toffoli acompanhou o
processo de Battisti, apesar de
não ter atuado nele diretamente. Em setembro, quando iniciada a apreciação do processo
de Battisti no STF, Toffoli ainda não estava no colegiado.
Caso Toffoli decida participar do julgamento, a defesa do
governo da Itália poderá propor uma questão de ordem por
suspeição contra o ministro.
Ontem, o presidente do STF,
ministro Gilmar Mendes, sinalizou a jornalistas que o tribunal deverá decidir sobre a questão da participação do colega.
"O tribunal tem condições de
dar o encaminhamento devido
a essas questões. Vamos ter soluções adequadas para essa
controvérsia."
Após resolver a polêmica sobre Toffoli, o julgamento será
retomado com o voto do ministro Marco Aurélio Mello. Ele
deverá abordar questões como
a natureza do crime, se política
ou comum, e o prazo de prescrição. A Folha apurou que
Marco Aurélio deve dizer que
os crimes já estão prescritos.
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