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Procurador não vê crime em ação da Abin na Satiagraha
Ministério Público arquiva pedido de juiz que queria investigar Paulo Lacerda
Subprocurador da República
vê conduta "heterodoxa" de
Protógenes na condução
da operação que prendeu
Dantas, mas não crime
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
decidiu, ao analisar manifestação formulada pelo juiz da 7ª
Vara Federal Criminal de São
Paulo, Ali Mazloum, que não
houve crime na participação de
agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Operação Satiagraha, que prendeu
o banqueiro Daniel Dantas.
A ação dos agentes foi o motivo da exoneração, ordenada em
dezembro pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, do então
diretor-geral da Abin, Paulo
Lacerda. O parecer foi emitido
no último dia 26 pelo subprocurador-geral da República
Wagner Gonçalves, coordenador da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal.
Para ele, a atuação do delegado Protógenes Queiroz à frente
da Satiagraha foi "heterodoxa",
"podendo-se falar em irregularidade administrativa e, por isso, em improbidade, quando
muito, mas não em crime".
Gonçalves defendeu a legalidade da operação. "Todas as
medidas cautelares, busca e
apreensão, interceptações telefônicas etc, deferidas judicialmente, não foram solicitadas
pela Abin, mas pela Polícia Federal (...) ou pelo Ministério
Público", escreveu Gonçalves.
Para ele, os agentes da Abin entraram "como meros coadjuvantes, em questões pontuais".
A 2ª Câmara tem a competência de avaliar inquéritos policiais. Mazloum, responsável
pelo inquérito que investigou
os policiais da Satiagraha, questionou o fato de os procuradores do caso terem decidido não
denunciar Lacerda e Protógenes pelo uso da Abin -os procuradores haviam denunciado
Protógenes por outros supostos crimes, sem relação com a
agência de inteligência.
O subprocurador viu "inversão de papéis" e, "de maneira
exponencial, um excesso de linguagem" na manifestação do
juiz. "O juiz não pode obrigar o
Ministério Público a fazer uma
acusação, nem pode se sentir
ofendido caso ele não a faça."
Mazloum sofreu derrota em
outra frente. Ele havia ordenado a abertura de inquérito para
apurar suposta "influência empresarial", na Satiagraha, do
empresário Luís Demarco Almeida, desafeto de Dantas, e,
novamente, as condutas de
Protógenes e Lacerda. Anteontem, o TRF (Tribunal Regional
Federal) da 3ª Região decidiu
que Mazloum não poderia ter
determinado o envio do inquérito para a própria vara (como o
juiz fez) e ordenou a livre redistribuição. A Procuradoria já pediu arquivamento do inquérito.
Mazloum foi procurado ontem pela Folha, por meio da assessoria de comunicação da
Justiça Federal paulista, mas
não houve resposta até o fechamento desta edição.
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