São Paulo, quinta, 12 de novembro de 1998

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ELEIÇÕES
Diretores falam a deputados
Institutos propõem manual de pesquisa

da Sucursal de Brasília

Diretores dos principais institutos de pesquisa defenderam medidas para aperfeiçoar a atividade, como a criação de um manual sobre divulgação dos levantamentos.
O manual serviria para orientar empresas de comunicação sobre a forma de divulgar as pesquisas sem dar a impressão de que elas refletem o resultado oficial e não um momento obtido por amostragem.
Os diretores participaram ontem de audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
Foram ouvidos representantes do Datafolha, Ibope, Vox Populi e Soma (de Brasília), no momento em que a Câmara discute a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar suposta manipulação de resultados ou falha na metodologia.
O diretor-executivo do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse que houve erro no resultado da pesquisa de intenção de voto realizada pelo instituto no Distrito Federal. Ele condenou a proposta de instalação da CPI. "O intuito da CPI é só tumultuar."
Montenegro disse que o Ibope deverá fazer pesquisas com maior rapidez, no prazo de 24 horas, para reduzir o risco de erro em razão da velocidade dos acontecimentos em alguns momentos do processo eleitoral.
Os diretores dos institutos de pesquisa defenderam o aperfeiçoamento do capítulo da Lei Eleitoral que trata dessa questão e medidas para a auto-regulamentação do setor.
Eles afirmaram que uma comissão da Associação Nacional das Empresas de Pesquisa já está estudando medidas como a criação do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação da Pesquisa Publicada, que receberia queixas da sociedade e as apreciaria.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) propôs a elaboração de um Código de Ética do setor.
Os representantes dos institutos e vários parlamentares atribuíram parte das supostas discrepâncias entre os resultados apurados e os números oficiais das eleições a erros na votação em urna eletrônica.
O diretor do Datafolha, Mauro Francisco Paulino, disse que um terço dos resultados apurados pelo instituto extrapolou a margem de erro porque houve digitação incorreta por parte do eleitor na máquina de votar.
Segundo ele, levantamento posterior do Datafolha mostrou que 14% dos votos da eleição presidencial não coincidiram com a intenção de voto do eleitor.
Paulino lamentou o fato de a polêmica sobre a credibilidade das pesquisas ter surgido, no primeiro turno, em razão de comparações dos resultados de boca-de-urna apurados pelos institutos e os parciais da Justiça Eleitoral, no momento em que a apuração praticamente se restringia aos votos em urna eletrônica.
Ele afirmou que as comparações foram "inacreditavelmente malfeitas e com um grau de irresponsabilidade que nos deixou estarrecido".



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