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Itália suspeita que "Morcego Negro" era usado para tráfico
da Redação
Os serviços antidroga da Itália
suspeitam que o avião particular
de PC Farias (o "Morcego Negro",
sigla PT-OHU) era utilizado por
traficantes durante o governo
Fernando Collor (90-92).
A suposição está registrada no
documento de setembro do ano
passado assinado pelo então adido antidrogas da Itália no Brasil,
coronel Luigi Del Gaudio.
"Na época da gestão de Collor,
havia insistentes rumores sobre o
envolvimento do piloto pessoal
de Farias (Jorge Bandeira de Melo) no tráfico de entorpecentes
por meio do Learjet de propriedade de Farias denominado "Morcego Negro"." Segundo o policial
italiano, na época da investigação
do esquema PC, "não foram feitas
investigações (para checar a suspeita) porque o avião de Farias
costumava decolar do hangar
presidencial".
Na semana passada, a Direção
Central para Serviços Antidroga
da Itália pediu à Secretaria Nacional Antidrogas a relação de vôos
do "Morcego Negro" que utilizaram bases aéreas, exclusivas para
aviões militares e da Presidência.
Em março de 97, a Folha noticiou que a Itália havia levantado
os primeiros indícios do envolvimento do esquema PC com o narcotráfico internacional.
A apuração -batizada de
"Operação Cartagena"- teve início em março de 94, quando 5.497
quilos de cocaína foram apreendidos em Borgaro Torinese (norte
da Itália), o maior carregamento
da droga descoberto na Europa.
Na investigação, os italianos
descobriram que a rede havia feito outros sete carregamentos de
cocaína para a Europa, no total de
11 toneladas.
A cocaína era produzida pelo
Cartel de Cali, da Colômbia, e levada para entrepostos no Brasil
(Santos e Rio Grande do Sul), no
Panamá e na Venezuela, antes de
ser embarcada para a Europa.
A quebra de sigilo bancário do
tesoureiro da organização, Angelo Zanetti, revelou depósitos da
rede no valor de US$ 2,69 milhões
para contas de PC Farias na Holanda e na Suíça.
As remessas foram feitas por
Zanetti e pelos mafiosos Luciano
Radi e Giulio Marcozzi.
Além dos depósitos dos mafiosos para Paulo César Farias, a
"Operação Cartagena" descobriu
que o empresário alagoano tinha
15 contas bancárias.
Em depoimento a magistrados
italianos em 96, o argentino Luis
Felipe Ricca -"testa-de-ferro"
de PC em algumas dessas contas- disse que US$ 5 milhões foram sacados de uma conta no
Uruguai para corromper parlamentares que votariam o impeachment de Collor, em 92.
De uma conta na Suíça, de acordo com Ricca, teria saído mais
US$ 1 milhão para comprar o silêncio de policiais da Interpol responsáveis pela captura de PC Farias quando o empresário alagoano fugiu do país em 92.
(LF)
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