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TRANSIÇÃO
Palocci diz a banqueiros em NY que dirigente terá "respeito do mercado"
Nome para o BC deve sair hoje; tucano é o mais cotado
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O futuro ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, disse ontem a banqueiros em Wall Street
que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já escolheu
quem será o primeiro presidente
do Banco Central de seu governo,
que começa em janeiro.
Palocci disse que o nome deve
ser divulgado hoje por Lula, que
chega ao Brasil de manhã vindo
do México. Em Brasília, o deputado federal e ex-presidente do PT
José Dirceu (SP) confirmou que a
divulgação deve ser feita hoje.
Segundo a Folha apurou, o nome mais cotado para ocupar o
cargo passou a ser o do deputado
federal eleito Henrique Meirelles
(PSDB-GO), ex-presidente mundial do BankBoston. Até ontem, o
mais cotado era Pedro Bodin, presidente do Banco Icatu, que recusou o convite.
"Esperamos anunciar um novo
presidente do Banco Central
amanhã [hoje], alguém que terá o
respeito dos mercados financeiros", declarou Palocci em comunicado entregue aos banqueiros e
obtido pela Folha. O BC é um órgão subordinado à Fazenda.
Palocci pensava em ler o comunicado, escrito em inglês, no almoço que teve no Fed (Federal Reserve, o banco central americano) com representantes de sete
instituições financeiras. Mudou
de idéia e decidiu entregá-lo como uma espécie de lista de princípios do PT.
No documento, Palocci promete compatibilizar rigor fiscal, programas sociais e manter o regime
de metas de inflação. Diz ainda
que a dívida externa é administrável e que o cenário melhorou muito o ajuste da balança comercial.
Durante o evento, os banqueiros fizeram algumas perguntas
sobre política monetária e equilíbrio fiscal. As respostas foram genéricas, mas, segundo participantes do encontro, satisfatórias.
"Creio que, para um começo, a
reunião foi bastante positiva",
disse William Rhodes, presidente
do Citigroup. "Foi uma excelente
troca de idéias entre o ministro e o
grupo. Valeu a pena. Creio que todo mundo saiu com uma idéia
positiva e com otimismo."
Meirelles
Meirelles, 57, reúne as características exigidas pelo PT para o
cargo. Tido como um dos brasileiros mais bem sucedidos no
mercado internacional, ele fez
carreira no BankBoston, onde
chegou a assumir a presidência
mundial. Só se afastou do banco
em agosto deste ano, para se candidatar a deputado federal.
Meirelles possui também uma
boa relação com o PT. Ele é admirado por José Dirceu, virtual chefe
da Casa Civil do governo Lula, e é
amigo do deputado Aloizio Mercadante, senador mais votado de
São Paulo. Durante a campanha
eleitoral, manteve vários encontros com as lideranças do PT.
Meirelles ficou ao lado do petista durante o almoço ontem, segundo relato feito à Folha por uma pessoa presente à reunião.
A ida do tucano não estava prevista originalmente e não foi esclarecida. Na terça-feira à noite, Meirelles comparecera ao jantar
oferecido em Washington pelo
embaixador Rubens Barbosa ao
presidente eleito. Chegou com 40
minutos de antecedência ao encontro e reuniu-se a sós com Lula.
Além de Meirelles, acompanhava
Palocci no Fed o embaixador Barbosa e o tradutor Sérgio Ferreira.
Procurado pela Folha, Meirelles
não confirmou e nem negou ter
sido convidado para o BC. Por
meio de sua assessoria, disse apenas que estava nos EUA junto
com a comitiva do governador de
Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.
Meirelles e Palocci chegaram separadamente ao Fed. Enquanto
Meirelles entrava pela porta dos
fundos, Palocci conversava com a
imprensa.
Pela primeira vez falando como
ministro, Palocci disse que o combate à inflação "será prioridade
total" no governo Lula. Indagado
se, em função disso, ele subiria os
juros, respondeu: "Não sou quem
aumenta os juros, mas o Comitê
de Política Monetária [Copom] e
o Banco Central devem fazer sempre aquilo que precisa ser feito para ter uma política monetária adequada. Nós queremos inflação
baixa. E para ter inflação baixa é
preciso fazer tudo o que for necessário fazer. E tudo é tudo".
Armínio
A Folha apurou que também
não está de todo descartada a hipótese de se manter o atual presidente do BC, Armínio Fraga, no
cargo -ou alçar à presidência do
banco Ilan Goldfajn, atual diretor
de Política Econômica-, pelo
menos por alguns meses.
O grande problema dessa alternativa é que Lula já disse não
manteria Armínio no cargo.
Já a hipótese Ilan Goldfajn, segundo a Folha apurou, enfraqueceria o BC, já que ele seria visto
pelo mercado como uma solução
temporária, portanto sem a mesma força que teria o titular.
O PT encontrou muitas dificuldades em definir o nome para assumir o BC. Várias pessoas do mercado foram sondadas.
Nessa lista, constam os nomes
de Cláudio Haddad, do Ibmec,
Fábio Barbosa, presidente do
ABN-Amro, Pedro Bodin, presidente do Icatu, e José Júlio Senna,
sócio-diretor da MCM Consultores Associados.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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