São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Outros partidos também aguardam a chegada do presidente eleito

PMDB quer negociar cargos no ministério só com Lula

FERNANDO RODRIGUES
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A intervenção direta do presidente eleito, Luiz Inácio Lula Silva, será necessária para desbloquear as negociações com vários partidos que negociam a participação no governo do PT.
"É preciso ouvir o que o presidente Lula tem a dizer. Esse é o caminho natural das conversações", diz o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).
Segundo o recém-empossado presidente nacional do PT, José Genoino, deputado federal por São Paulo, "a marcha da negociação com o PMDB está em ponto morto. Será necessário reabrir tudo com o PMDB".
A situação é semelhante para PL, PTB e PC do B. Estariam já acertadas só as participações de PPS, PSB e PDT no governo Lula.
Na semana passada o deputado federal José Dirceu (PT-SP), que deve ser ministro da Casa Civil, declarou que 80% do ministério já estava montado. Ontem, disse que o quadro está quase fechado, faltando acertar um ou outro detalhe, mas só na próxima semana todos os nomes serão conhecidos.
Na realidade, o que aconteceu é que as conversas de Dirceu, Genoino e Antonio Palocci Filho (já nomeado por Lula para o Ministério da Fazenda) com os partidos aliados foram consideradas pouco conclusivas por vários interlocutores de outros partidos.
O PMDB é o caso mais importante. Com 74 deputados e 19 senadores, essa sigla poderá oferecer a maior bancada de apoio ao PT no Congresso em 2003.
Numa conversa na semana passada entre as direções do PT e do PMDB, ficou acertado que os peemedebistas teriam direito a dois ministérios de destaque.
Entre outras pastas foram citadas a dos Transportes, da Saúde e do Planejamento. Como são locais de prestígio, o anúncio causou ciúme nos aliados de outros partidos. Também houve uma reação contrária de alguns setores do próprio PT.
O PMDB ocupou os Transportes durante todo o governo FHC. A administração peemedebista foi alvo de acusações de corrupção, sempre negadas, que desgastaram a imagem do partido.
Ontem à noite, a bancada de senadores e deputados do PMDB se reuniria para decidir qual encaminhamento a sigla daria nas negociações com o PT.
A maioria dos congressistas defende a participação no governo Lula. O líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o deputado eleito Moreira franco (RJ), encabeçam a corrente minoritária que se diz contra a adesão.
No PL o clima é de quase conflagração. A sigla ocupará a Vice-Presidência da República, pois o senador José Alencar (MG) foi eleito junto com Lula.
Embora houvesse a expectativa de que o PL tivesse uma enxurrada de filiações (elegeu 26 deputados e esperava chegar a 50), o que mais se houve no Congresso é que podem ocorrer defecções.
O deputado eleito Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP) se prepara para sair da sigla e entrar no PMDB. A reclamação de Medeiros e outros é que a direção do PL não compartilha com a bancada os possíveis cargos que terá direito a ocupar no governo Lula.
No PC do B, a esperança é ainda conseguir algum ministério de destaque. É comum ouvir menções a ida do deputado Aldo Rebelo (SP) para a pasta da Defesa, mas esse desfecho ainda é improvável porque não agrada a Lula -o presidente eleito acredita que estaria criando uma potencial área de atrito ao colocar um político de um partido comunista para dirigir os militares.
No PTB, a divergência é sobre quem serão os indicados para ocupar os cargos. O PT sugere nomes que não agradam à direção petebista e vice-versa.
Por causa de todas essas dificuldades, é possível que o ministério petista seja divulgado em partes, contrariando um desejo e uma promessa do presidente eleito -que preferia anunciar todos os nomes de uma vez.


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