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TRANSIÇÃO
Outros partidos também aguardam a chegada do presidente eleito
PMDB quer negociar cargos no ministério só com Lula
FERNANDO RODRIGUES
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intervenção direta do presidente eleito, Luiz Inácio Lula Silva, será necessária para desbloquear as negociações com vários
partidos que negociam a participação no governo do PT.
"É preciso ouvir o que o presidente Lula tem a dizer. Esse é o caminho natural das conversações",
diz o líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL).
Segundo o recém-empossado
presidente nacional do PT, José
Genoino, deputado federal por
São Paulo, "a marcha da negociação com o PMDB está em ponto
morto. Será necessário reabrir tudo com o PMDB".
A situação é semelhante para
PL, PTB e PC do B. Estariam já
acertadas só as participações de
PPS, PSB e PDT no governo Lula.
Na semana passada o deputado
federal José Dirceu (PT-SP), que
deve ser ministro da Casa Civil,
declarou que 80% do ministério já
estava montado. Ontem, disse
que o quadro está quase fechado,
faltando acertar um ou outro detalhe, mas só na próxima semana
todos os nomes serão conhecidos.
Na realidade, o que aconteceu é
que as conversas de Dirceu, Genoino e Antonio Palocci Filho (já
nomeado por Lula para o Ministério da Fazenda) com os partidos
aliados foram consideradas pouco conclusivas por vários interlocutores de outros partidos.
O PMDB é o caso mais importante. Com 74 deputados e 19 senadores, essa sigla poderá oferecer a maior bancada de apoio ao
PT no Congresso em 2003.
Numa conversa na semana passada entre as direções do PT e do
PMDB, ficou acertado que os peemedebistas teriam direito a dois
ministérios de destaque.
Entre outras pastas foram citadas a dos Transportes, da Saúde e
do Planejamento. Como são locais de prestígio, o anúncio causou ciúme nos aliados de outros
partidos. Também houve uma
reação contrária de alguns setores
do próprio PT.
O PMDB ocupou os Transportes durante todo o governo FHC.
A administração peemedebista
foi alvo de acusações de corrupção, sempre negadas, que desgastaram a imagem do partido.
Ontem à noite, a bancada de senadores e deputados do PMDB se
reuniria para decidir qual encaminhamento a sigla daria nas negociações com o PT.
A maioria dos congressistas defende a participação no governo
Lula. O líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o
deputado eleito Moreira franco
(RJ), encabeçam a corrente minoritária que se diz contra a adesão.
No PL o clima é de quase conflagração. A sigla ocupará a Vice-Presidência da República, pois o
senador José Alencar (MG) foi
eleito junto com Lula.
Embora houvesse a expectativa
de que o PL tivesse uma enxurrada de filiações (elegeu 26 deputados e esperava chegar a 50), o que
mais se houve no Congresso é que
podem ocorrer defecções.
O deputado eleito Luiz Antonio
de Medeiros (PL-SP) se prepara
para sair da sigla e entrar no
PMDB. A reclamação de Medeiros e outros é que a direção do PL
não compartilha com a bancada
os possíveis cargos que terá direito a ocupar no governo Lula.
No PC do B, a esperança é ainda
conseguir algum ministério de
destaque. É comum ouvir menções a ida do deputado Aldo Rebelo (SP) para a pasta da Defesa,
mas esse desfecho ainda é improvável porque não agrada a Lula
-o presidente eleito acredita que
estaria criando uma potencial
área de atrito ao colocar um político de um partido comunista para dirigir os militares.
No PTB, a divergência é sobre
quem serão os indicados para
ocupar os cargos. O PT sugere nomes que não agradam à direção
petebista e vice-versa.
Por causa de todas essas dificuldades, é possível que o ministério
petista seja divulgado em partes,
contrariando um desejo e uma
promessa do presidente eleito
-que preferia anunciar todos os
nomes de uma vez.
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