São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR

Antes para Bush

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Lula deu impressão de ter deixado escapar, sem querer, os nomes de Antônio Palocci e Marina Silva. Que nada, espalharam Franklin Martins e Alexandre Garcia, em comentários quase idênticos:
- Tanto o nome de Palocci como o de Marina foram veiculados na reunião com Bush. Lula mencionou que seriam ministros. Apresentou Palocci ao presidente como o futuro ministro da Fazenda. Na hora do almoço, fez a revelação informal para evitar que o vazamento viesse da Casa Branca.
Lula tem todas as razões do mundo para avisar o imperador de suas escolhas em áreas tão caras à opinião pública externa, mas não soa nada bem para a opinião interna.
Martins, desde logo, elogiou os dois nomes, mas sublinhou, voz contrariada, que os anúncios poderiam muito bem ter sido feitos antes ao Brasil.
 
A Bolsa em alta, o dólar em baixa. O mercado aprovou Palocci, comentou até Carlos Sardenberg na CBN.
A recepção foi unânime, em TV e rádio. Do presidente da Fiesp ao da federação dos bancos, de Sérgio Amaral a Winston Fritsch. Mas a justificação era sempre aquela:
- É um homem com coragem de dizer "não"... Tem tido coragem de dizer as coisas que têm que ser ditas...
Em suma, ele foi da Libelu, como sublinhou o Jornal Nacional, mas não é mais, muito pelo contrário. Do JN:
- Apesar de formado nos setores mais radicais, teve atuação moderada como prefeito de Ribeirão Preto e conquistou a confiança da elite dos usineiros de açúcar e álcool.
Não foi muito diversa a reação a Marina Silva. Ganhou até ares de idolatria, com destaque em toda parte, a começar do JN, para o passado de empregada doméstica. Ela foi entrevistada no Bom Dia Brasil:
- A senhora chegou a ser empregada. Que país é este que permite que as pessoas de origem humildes cheguem ao topo, que coisa maravilhosa.
- Realmente é emocionante. Vendo a história do Lula, da Benedita, do Vicentinho, isso só demonstra uma coisa: todos nós temos as mesmas capacidades, só não temos as mesmas oportunidades.
E também ela seguiu a trilha de Palocci, na recusa do antigo discurso radical. Sobre o Sivam, por exemplo:
- O Sivam é um sistema que tem uma capacidade fantástica de gerar informações, que serão de grande utilidade para uma política adequada de preservação da Amazônia.
O que diria Chico Mendes?


Texto Anterior: Janio de Freitas: O segundo movimento
Próximo Texto: Dívida: Aécio impõe condições para MP das rodovias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.