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DEFESA
"Alternativa" a Apolônio acalmaria militares e choque entre Bastos e Viegas
Governo estuda homenagem a militar
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda fazer uma
"homenagem alternativa" ao militar comunista Apolônio Carvalho, 91, expulso do Exército Brasileiro no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-45). À época,
ele era segundo tenente, primeiro
posto de um oficial na carreira.
No dia 5, Apolônio, um dos
principais símbolos da esquerda
brasileira, foi considerado anistiado político pela Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça.
Reintegrado ao Exército, terá direito à pensão de R$ 8.000 mensais -equivalente à de general-
e a uma indenização referente ao
período em que ficou afastado.
Mas, ao sugerir a promoção a
general, iniciativa do Ministério
da Justiça, houve reação na área
militar e choque interno no governo, entre Justiça e Defesa. Agora, o Planalto estuda uma alternativa. A iniciativa, se for posta em
prática, aplacará a divergência
pública entre os ministros Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) e José
Viegas (Defesa), retirará o governo de uma eventual rota de colisão com os militares e, por fim, estará homenageando Apolônio.
O militar, um dos fundadores
do PT, lutou contra o regime militar brasileiro (1964-85), atuou na
Guerra Civil Espanhola (1936-39)
ao lado dos antifascistas e uniu-se
à Resistência Francesa contra a
ocupação nazista (1940-45).
Bastos quer que Apolônio seja
promovido por mérito a general,
a mais alta patente do Exército.
Defendeu a idéia publicamente
no dia 5, quando o militar foi anistiado. Viegas é contra. Seguindo a
linha do Comando do Exército,
argumenta que as promoções devem obedecer a um ritual específico, regido pela lei 5.821/72.
Anteontem, Viegas disse não
ser favorável à promoção para
"evitar que se voltem a abrir discussões ou dissensões" e que "a
harmonia e o interesse nacional
não se beneficiam com polêmicas
que têm a ver com o passado".
Frei Betto, que combateu o regime militar e hoje é assessor especial de Lula, afirmou que Apolônio precisa entrar para a "galeria
dos heróis internacionalistas",
mas que não é necessário conceder-lhe patente. O religioso ressaltou que as Forças Armadas estão
integradas à democracia brasileira e que seus atuais membros não
podem ser responsabilizados pela
atuação dos militares no passado.
Na terça-feira passada, o Comando do Exército divulgou nota
na qual afirma que a medida seria
ilegal. Um dia depois, Bastos disse
que espera uma avaliação da consultoria jurídica do seu ministério
sobre a possibilidade de pedir ao
presidente que o promova. O parecer ainda não está pronto.
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