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LÁGRIMAS E FÉ
Parlamentares do PT assinam manifesto e dizem ter esperança de que Lula intervenha no processo
Música e choro marcam ato pró-radicais
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Manifesto, apelos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
ameaças ao partido, música,
MST, poesia e distribuição de
autógrafos deram o tom do ato
realizado ontem por deputados
e senadores, na Câmara, contra a
esperada expulsão dos chamados radicais do PT: a senadora
Heloísa Helena (AL) e os deputados Babá (PA), Luciana Genro
(RS) e João Fontes (SE), cujo
destino será decidido em reunião do Diretório Nacional marcada para domingo.
Não faltou o choro da senadora, acompanhado pelas lágrimas
da sem-terra Diolinda Alves de
Souza, mulher de José Rainha
Jr., líder do MST no Pontal do
Paranapanema: "Se for expulsa,
Helô, vá para o movimento. O
MST está de portas abertas".
Manifesto assinado por 34 deputados e cinco senadores, mais
do que um terço das bancadas
petistas nas duas Casas, afirma:
"O segundo ano de nosso governo precisa começar bem, sem divergências cristalizadas em dissidências e sem medidas extremas como expulsões, sobretudo
quando derivadas de questões
que dividiram a sociedade e o
próprio partido".
A Comissão de Ética do PT
abriu processo contra os parlamentares devido à sistemática
oposição ao governo, mas a gota
d'água foram os votos contrários à reforma da Previdência.
Os parlamentares ainda têm a
esperança da intervenção do
presidente Lula para evitar a expulsão. "Se o presidente Lula pede a paz até entre judeus e palestinos, propõe a paz até para
quem mata e dá tiros entre entes
queridos, será que não é capaz
de perdoar Heloísa, só porque às
vezes, com seu jeito entusiasmado, diz palavras ásperas, que incomodam o fígado de nossos
ministros?", questionou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
O deputado Walter Pinheiro
(PT-BA) falou em aprofundamento da crise. "Vai ficar muito
pior se punir [radicais] e lá na
frente descobrir que figuras que
acabaram de entrar no partido
estão comprometidas em sua
postura ética", disse em referência ao governador de Roraima, o
neopetista Flamarion Portela.
Ele era vice do governador Neudo Campos (PP), acusado de
desvio de dinheiro no Estado.
No encerramento, deputados
e senadores entoaram, acompanhados por um violão, "Para
Não Dizer Que Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré, hino
das manifestações contra o regime militar. Antes, haviam cantado "Comunhão", das comunidades eclesiais de base, e "Maria,
Maria", de Milton Nascimento.
Dezenas de pessoas que acompanhavam o ato, realizado no
Salão Verde, hall de entrada do
plenário, cercaram Helena, que
distribuiu autógrafos. Um grupo
de estudantes agarrou o senador
Suplicy para tirar fotos.
As manifestação de apoio a
Helena também aconteceram na
Câmara Municipal de São Paulo,
onde a senadora tem o apoio da
maioria da bancada de vereadores do PT. Um abaixo-assinado
coordenado pelo vereador Odilon Guedes (PT) obteve a assinatura de nove dos 18 integrantes
da bancada petista. Além deles,
Carlos Neder (PT) já havia encaminhado um documento à Executiva Nacional do partido contra a saída da senadora.
Colaborou PEDRO DIAS LEITE, da Reportagem Local
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