|
Texto Anterior | Índice
REFORMA SOB PRESSÃO
Texto teve 51 votos a favor, 2 a mais que o necessário, e agora será promulgado por João Paulo e Sarney
Senado aprova Previdência, 1ª reforma de Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após sete meses de tramitação,
a emenda constitucional que estabelece a contribuição de servidores inativos e pensionistas e torna
mais duras as regras para a aposentadoria do funcionalismo foi
aprovada ontem pelo Senado em
votação conclusiva, por 51 votos a
24 -apenas dois votos a mais que
o necessário.
Essa foi a primeira reforma
aprovada no governo Luiz Inácio
Lula da Silva. Apesar das mudanças feitas pelos deputados -os
senadores não alteraram o texto
aprovado na Câmara-, o esqueleto da proposta enviada pelo
Executivo foi mantido. A emenda
agora precisa ser promulgada pelos presidentes das duas Casas.
A oposição deu 12 votos favoráveis (5 do PSDB e 7 do PFL). A senadora Heloísa Helena (PT-AL)
foi a única integrante do PT a votar contra. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) -que votou a favor da reforma em primeiro turno- afirmou que, embora o painel tenha registrado voto contrário, ele votou a favor da proposta.
Em votação de emenda constitucional, não há possibilidade de retificação do voto.
"Contamos voto a voto até o último minuto. Fomos buscar senadores no cafezinho e até nos toaletes do plenário", disse o líder do
PT e relator da reforma, Tião Viana (AC).
Atraso
A votação foi atrasada ontem e
posta em risco por uma manobra
do governo, que queria alterar, no
Senado, um projeto negociado
com a oposição. O projeto, examinado antes da reforma, prevê a
destinação de ao menos 35% dos
financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para o Centro-Oeste, o Nordeste e a Amazônia até 2005.
O texto do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) continha um artigo estabelecendo que o BNDESPar, subsidiária do BNDES, terá
de destinar o mesmo percentual
de seus recursos para empresas
produtivas daquelas regiões.
Num plenário esvaziado, o líder
do governo, Aloizio Mercadante
(PT-SP), apresentou um destaque
para suprimir o dispositivo. Sem
o relator e os principais líderes da
oposição, o artigo acabou sendo
suprimido em votação simbólica.
A oposição só percebeu o que
chamou de "golpe" durante a discussão da reforma da Previdência. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), acusou Mercadante de romper um acordo e
disse que, se a votação anterior
não fosse revista, os 11 senadores
tucanos votariam contra a reforma. A polêmica durou mais de
uma hora.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), interrompeu
a discussão da Previdência e fez
uma nova votação do projeto anterior. O artigo que havia sido suprimido foi restabelecido. O projeto será apreciado pela Câmara.
Servidores
A reforma da Previdência afeta
principalmente os servidores públicos, dificultando o acesso à
aposentadoria. No caso da União,
a economia esperada com as mudanças é de R$ 47,2 bilhões nos
próximos 20 anos. Para os Estados e o Distrito Federal, a estimativa é economizar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões no período.
Um dos principais pontos da reforma é a instituição da cobrança
da contribuição de inativos e pensionistas, que garantirá ao governo uma arrecadação extra de R$ 1
bilhão por ano.
A emenda também cria um teto
para os salários e as aposentadorias do governo federal.
Para os trabalhadores da iniciativa privada, que se aposentam
pelo INSS, a reforma eleva o atual
teto de benefícios de R$ 1.869,34
para R$ 2.400.
(JULIANNA SOFIA E RAQUEL ULHÔA)
Texto Anterior: Mato Grosso: Acusado de matar dono de jornal é julgado Índice
|