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REUNIÃO MINISTERIAL
Para ministro, cenário econômico externo será mais adverso
Crescimento vai depender de
infra-estrutura, diz Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No balanço das prioridades do
governo em 2005, o ministro José
Dirceu (Casa Civil) disse que um
crescimento anual do PIB (Produto Interno Bruto) de "5% ou
6%" dependerá de investimentos
em infra-estrutura. Ele afirmou
ainda que o cenário externo será
mais adverso para a economia em
2005 do que foi em 2004, como revelou ontem a Folha.
"Se nós não avançarmos, e estamos avançando, nos investimentos tanto do governo como da iniciativa privada nas ferrovias, portos, rodovias e no setor elétrico,
evidentemente o crescimento de
5% e 6% ao ano que o país pode
ter nós não alcançaremos", disse,
em entrevista de uma hora na
Granja do Torto.
Escalado para anunciar as prioridades definidas na reunião ministerial de dois dias que terminou ontem, Dirceu disse que o envio de um projeto ao Congresso
propondo a autonomia do Banco
Central "não entrou como prioridade para 2005, o que não quer
dizer que não possa entrar". Ficou
claro também que o governo desistiu, na prática, de fazer uma reforma trabalhista como Lula prometera. Será enviada ao Congresso apenas a reforma sindical. A
trabalhista, segundo Dirceu, pode
ter um projeto pronto apenas no
final de 2006, o último ano do
mandato de Lula.
O ministro da Casa Civil disse
que o maior desafio do governo a
partir de 2005 será alavancar investimentos para a área de infra-estrutura. "Para que o investimento privado cresça no nosso
país, nós precisamos, em primeiro lugar, de estabilidade econômica, responsabilidade fiscal e controle da inflação. Sem isso, tudo o
restante é ilusão."
Ele relatou a preocupação do
governo com o cenário internacional em 2005 e disse que o país
precisa de investimentos: "Nós teremos um ano tão difícil como este, onde a situação internacional,
inclusive, não será tão boa como
neste ano".
Na reunião, o presidente determinou aos ministros que seja
uma "obsessão" de governo o
combate às "filas", "fraudes",
"mau atendimento", "descasos" e
"sonegação", citando as áreas da
saúde, da Previdência Social e o
serviço público.
O ministro citou ainda a "sustentação ambiental" e o combate
ao crime organizado. "Não podemos pensar no desenvolvimento
do país sem um combate sem tréguas à corrupção e ao crime organizado", afirmou.
Segundo Dirceu, é preciso criatividade para ultrapassar os problemas orçamentários. "Faltam
recursos? Faltam. Por isso precisamos de iniciativa política e criatividade." A seguir, completou:
"O país não está livre dos problemas que herdamos, são grandes
as dificuldades e nós vivemos elas
todos os dias, as restrições orçamentárias ainda são grandes, o
combate à inflação ainda é uma
necessidade".
Desenvolvimento
O ministro afirmou que o governo entrou "numa nova fase",
com desenvolvimento sustentável, geração de emprego e inclusão social com democracia. Todos os ministérios, segundo ele,
terão de se concentrar na viabilização do desenvolvimento.
Dirceu falou em "prioridades
das prioridades" para 2005, como
política industrial, tecnológica e
de comércio exterior; ampliação
da poupança e do crédito para o
agronegócio, agricultura familiar
e indústria; e investimento em infra-estrutura. Uma série de reformas microeconômicas, segundo
ele, dará sustentabilidade ao processo, ao lado da continuidade da
reforma tributária.
Transparência
De acordo com Dirceu, há uma
determinação do presidente Lula
para "radicalizar a transparência
do governo". "Todos os ministérios terão de criar corregedorias,
ouvidorias e portais de transparência [na internet]." O Ministério Público e o Tribunal de Contas
da União atuarão "antes, durante
e depois das licitações".
Segundo o ministro, que rotulou de "favorável" o resultado do
governo e dos partidos da base
aliada nas últimas eleições municipais, "o governo não deve e não
pode se debruçar sobre a questão
da reeleição em 2005".
Na educação, apontada como
mais uma prioridade, Dirceu disse que é preciso "elevar a escolaridade média e enfrentar a qualidade do ensino". Na área social, as
prioridades apontadas por ele foram a "intensificação" do programa Fome Zero e a "consolidação"
da fiscalização e do controle do
Bolsa-Família.
A reforma agrária também foi
tema na reunião ministerial. Apesar de o governo não ter cumprido nenhuma meta de assentamentos diante de recordes de invasões de terra, Dirceu disse que
se trata de uma "prioridade econômica e social" do governo. "O
governo fará um esforço orçamentário para dar qualidade aos
projetos [de assentamento]."
"Um dos principais problemas
do governo", segundo o ministro-chefe da Casa Civil, é a questão da
segurança pública. Ontem, ele declarou que será priorizado o combate ao crime organizado no país,
principalmente no RJ e ES, onde
atua a Força Nacional de Segurança Pública.
(EDUARDO SCOLESE E LUCIANA CONSTANTINO)
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