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Aos 60, quem é de esquerda tem problemas, diz Lula, 61
"Evolução da espécie humana" caminha para o centro, afirma petista a empresários
Para presidente, mudança acontece de acordo com
a "responsabilidade" e a
"quantidade de cabelos
brancos" que a pessoa tem
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ser homenageado ontem
pela revista "IstoÉ", publicação
da Editora Três, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva provocou risos na platéia quando
afirmou que a "evolução da espécie humana" caminha para o
centro no que diz respeito ao
espectro político.
Segundo o petista, reeleito
para mais quatro anos e historicamente ligado à esquerda, "se
você conhecer uma pessoa
muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".
Entre os convidados do evento (cerca de 900 pessoas), realizado em um luxuoso hotel de
São Paulo, estavam ministros,
artistas, esportistas, banqueiros, empresários, deputados,
senadores e socialites.
As declarações de Lula, o
grande homenageado da noite,
vieram após um comentário sobre as altas taxas de crescimento de governos anteriores ao
dele, como os da ditadura militar. Ele evocou o ex-ministro
Delfim Netto para dizer que se
considera hoje no "centro", em
busca de "equilíbrio".
"Eu agora sou amigo do Delfim Netto (...) Porque eu acho
que é a evolução da espécie humana, quem é mais de direita
vai ficando mais de esquerda,
quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata e as
coisas vão fluindo de acordo
com a quantidade de cabelos
brancos que você vai tendo e de
acordo com a responsabilidade
que você tem. Não tem outro
jeito, se você conhecer uma
pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas.
Se você conhecer uma pessoa
muito nova de direita, é porque
também tem problemas. Então, quando a gente está com 60
anos, doutor [Antonio] Ermírio, é a idade do ponto de equilíbrio em que a gente não é nem
um nem outro. A gente se
transforma no caminho do
meio, aquele caminho que precisa ser seguido pela sociedade." Lula completou 61 anos em
outubro.
No palco, ao lado de Lula e do
empresário Antonio Ermírio
de Moraes, estavam, entre outros, o banqueiro Lázaro Brandão (Bradesco), e os pefelistas
Cláudio Lembo (governador de
São Paulo) e Gilberto Kassab
(prefeito da capital paulista). O
ex-presidente José Sarney
(PMDB) estava na platéia.
Na economia, Lula disse que
seu desafio será fazer o país
crescer sem a volta da inflação e
numa economia global que tem
potências emergentes como
China e Índia. "Na época do milagre brasileiro, era Brasil, México e Argentina [disputando os
investimentos externos], não
haviam nem Leste Europeu."
As declarações em favor do
manutenção da estabilidade foram interpretadas pelo empresariado, segundo a Folha apurou, como um apoio explícito
ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que
recebeu o prêmio de "personalidade do ano" na economia.
O presidente voltou a criticar
o que chama de entraves ambientais ao desenvolvimento.
"Algumas coisas no Brasil são
imexíveis, como diria o ministro [Antonio Rogério] Magri."
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