São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Aos 60, quem é de esquerda tem problemas, diz Lula, 61

"Evolução da espécie humana" caminha para o centro, afirma petista a empresários

Para presidente, mudança acontece de acordo com a "responsabilidade" e a "quantidade de cabelos brancos" que a pessoa tem

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
MARCELO SAKATE

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao ser homenageado ontem pela revista "IstoÉ", publicação da Editora Três, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou risos na platéia quando afirmou que a "evolução da espécie humana" caminha para o centro no que diz respeito ao espectro político.
Segundo o petista, reeleito para mais quatro anos e historicamente ligado à esquerda, "se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".
Entre os convidados do evento (cerca de 900 pessoas), realizado em um luxuoso hotel de São Paulo, estavam ministros, artistas, esportistas, banqueiros, empresários, deputados, senadores e socialites.
As declarações de Lula, o grande homenageado da noite, vieram após um comentário sobre as altas taxas de crescimento de governos anteriores ao dele, como os da ditadura militar. Ele evocou o ex-ministro Delfim Netto para dizer que se considera hoje no "centro", em busca de "equilíbrio".
"Eu agora sou amigo do Delfim Netto (...) Porque eu acho que é a evolução da espécie humana, quem é mais de direita vai ficando mais de esquerda, quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata e as coisas vão fluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos que você vai tendo e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito, se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas. Então, quando a gente está com 60 anos, doutor [Antonio] Ermírio, é a idade do ponto de equilíbrio em que a gente não é nem um nem outro. A gente se transforma no caminho do meio, aquele caminho que precisa ser seguido pela sociedade." Lula completou 61 anos em outubro.
No palco, ao lado de Lula e do empresário Antonio Ermírio de Moraes, estavam, entre outros, o banqueiro Lázaro Brandão (Bradesco), e os pefelistas Cláudio Lembo (governador de São Paulo) e Gilberto Kassab (prefeito da capital paulista). O ex-presidente José Sarney (PMDB) estava na platéia.
Na economia, Lula disse que seu desafio será fazer o país crescer sem a volta da inflação e numa economia global que tem potências emergentes como China e Índia. "Na época do milagre brasileiro, era Brasil, México e Argentina [disputando os investimentos externos], não haviam nem Leste Europeu."
As declarações em favor do manutenção da estabilidade foram interpretadas pelo empresariado, segundo a Folha apurou, como um apoio explícito ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que recebeu o prêmio de "personalidade do ano" na economia.
O presidente voltou a criticar o que chama de entraves ambientais ao desenvolvimento. "Algumas coisas no Brasil são imexíveis, como diria o ministro [Antonio Rogério] Magri."


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