São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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Guaranis e caiuás fazem reféns em MS

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Os índios das etnias guarani e caiuá, que invadiram pelo menos sete fazendas em Japorã (464 km de Campo Grande), fizeram ontem reféns por sete horas um fazendeiro, a mulher e a nora dele.
Às 11h10, três horas após deterem o produtor rural, um grupo de índios relatou à Polícia Militar ter sido vítima de uma ataque de oito pistoleiros que, segundo eles, atiraram contra dois índios.
O Pronto Socorro de Iguatemi (a 10 km das fazendas invadidas) foi informado por volta das 12h que receberia um índio ferido, mas até 18h ninguém tinha sido levado ao hospital.
José Maria Varago, 57, passava na porteira de sua fazenda às 8h. A propriedade está invadida desde o dia 20. Segundo Ilmara Assis, 29, filha de Varago, o produtor rural teve a camionete F.1000 cercada por um grupo de índios. Dentro do veículo estavam Aparecida Conceição, 54, mulher do fazendeiro, e Márcia Ana, 28, nora dele.
Ilmara afirmou que os índios tomaram a chave da camionete e mantiveram os três reféns na estrada ao lado da fazenda. "Ele ficaram no sol. Só foram liberados quando minha mãe desmaiou. Aí os índios disseram: essa mulher não pode morrer aqui e liberaram [os reféns]", disse Ilmara.
O cabo da PM Isaias Vieira, 45, estava fazendo a segurança na distribuição de cestas básicas na aldeia, quando foi informado por um grupo de índios sobre um suposto ataque de pistoleiros.
Eles teriam descido de uma camionete branca e atirado contra dois índios que estavam em uma moto na estrada situada ao lado das propriedades invadidas.
Em seguida, segundo Vieira disse ter ouvido na área de conflito, os supostos pistoleiros fugiram para o mato e foram perseguidos pelos índios. O cabo da PM afirmou não ter informações sobre feridos.
O juiz federal Odilon de Oliveira, 54, se reúne hoje em Dourados (220 km de Campo Grande) com os proprietários rurais que tiveram terras invadidas em Japorã. Oliveira julga três ações que envolvem pedidos de reintegração de posse de cinco áreas.
Na sexta-feira passada, esteve em uma das fazendas invadidas. Os índios disseram ao juiz que não vão deixar o local e deram dez dias para os produtores retirarem 2.600 cabeças de gado.
"Vamos negociar uma contraproposta com os produtores rurais. Se não houver uma, nem volto à área invadida. Vou tomar uma decisão em seguida", disse Oliveira.
Osmar Silva, advogado de um dos pecuaristas, afirmou ontem que não haverá contraproposta. Segundo ele, os fazendeiros querem a desocupação imediata das áreas.


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