São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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CASO BANESTADO

Ex-prefeito nega

Banco apresenta à CPI suposta conta de Pitta

DA REPORTAGEM LOCAL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado recebeu informações de que o banco Fork North, dos Estados Unidos, localizou uma conta nos EUA aberta em nome do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e da ex-primeira-dama Nicéa Camargo.
O ex-prefeito voltou a negar ontem, por meio de seu assessor Antenor Braido, ter mantido qualquer conta bancária no exterior.
"Essa conta não existe e isso é uma calúnia", disse ontem Celso Pitta, por meio do ex-secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, Antenor Braido.
Segundo três pessoas da CPI e do Ministério Público ouvidas pela Folha, documentos do banco trazem indícios que confirmariam a história relatada por Nicéa Camargo. A reportagem não teve acesso aos documentos.
Nicéa contou à CPI e ao Ministério Público ter aberto a conta conjunta com o ex-marido, a pedido e na companhia dele, em dezembro de 1994, numa agência do Commercial Bank em Nova York. Parte desse banco foi vendida para o Fork North por volta de 2001. Em dezembro de 1994, Pitta era secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo na gestão do prefeito Paulo Maluf.
Procurado ontem pela reportagem, o relator da CPI, deputado federal José Mentor (PT-SP), não confirmou nem desmentiu a existência da conta. Ele convocou uma entrevista coletiva à imprensa para às 11h00 de hoje, na Assembléia Legislativa de São Paulo, para falar dos resultados de uma viagem que dois integrantes da CPI e Nicéa fizeram aos EUA em dezembro último.
Nessa viagem, Nicéa entregou um requerimento ao banco americano para ter acesso a toda a movimentação financeira da conta supostamente aberta por ela e seu ex-marido. O banco alegou, durante a visita da comitiva brasileira, que necessitaria de tempo para entregar os dados.
Segundo sua assessoria, Mentor falará sobre a suposta conta nos EUA e divulgará dados sobre a empresa offshore Lespan, sediada no Uruguai e com larga movimentação financeira em bancos de Nova York. Essa offshore teria remetido dinheiro a brasileiros para contas abertas em outras instituições americanas.
Nicéa reafirmou ontem à Folha que a conta foi aberta no Commercial Bank na presença de uma funcionária da instituição chamada Dalia Ozire, ainda não ouvida pela CPI. Nicéa disse ter assinado papéis em branco, orientada por Pitta. Segundo o relato da ex-primeira-dama, logo após ter deixado o prédio, Nicéa perguntou a Pitta o motivo da abertura da conta. Ele disse, sempre segundo Nicéa, para ela não "se preocupar".
"Ele me enrolou", disse Nicéa. Alegou não declarar a existência da conta no Imposto de Renda porque ela aparecia como dependente de Pitta. "Ele é que fazia as declarações." (ANDRÉA MICHAEL, ROBERTO COSSO e RUBENS VALENTE)


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