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CASO BANESTADO
Ex-prefeito nega
Banco apresenta à CPI suposta conta de Pitta
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) do Banestado recebeu informações de que o banco
Fork North, dos Estados Unidos,
localizou uma conta nos EUA
aberta em nome do ex-prefeito de
São Paulo Celso Pitta e da ex-primeira-dama Nicéa Camargo.
O ex-prefeito voltou a negar ontem, por meio de seu assessor Antenor Braido, ter mantido qualquer conta bancária no exterior.
"Essa conta não existe e isso é
uma calúnia", disse ontem Celso
Pitta, por meio do ex-secretário
de Comunicação da Prefeitura de
São Paulo, Antenor Braido.
Segundo três pessoas da CPI e
do Ministério Público ouvidas pela Folha, documentos do banco
trazem indícios que confirmariam a história relatada por Nicéa
Camargo. A reportagem não teve
acesso aos documentos.
Nicéa contou à CPI e ao Ministério Público ter aberto a conta
conjunta com o ex-marido, a pedido e na companhia dele, em dezembro de 1994, numa agência do
Commercial Bank em Nova York.
Parte desse banco foi vendida para o Fork North por volta de 2001.
Em dezembro de 1994, Pitta era
secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo na gestão do
prefeito Paulo Maluf.
Procurado ontem pela reportagem, o relator da CPI, deputado
federal José Mentor (PT-SP), não
confirmou nem desmentiu a existência da conta. Ele convocou
uma entrevista coletiva à imprensa para às 11h00 de hoje, na Assembléia Legislativa de São Paulo,
para falar dos resultados de uma
viagem que dois integrantes da
CPI e Nicéa fizeram aos EUA em
dezembro último.
Nessa viagem, Nicéa entregou
um requerimento ao banco americano para ter acesso a toda a
movimentação financeira da conta supostamente aberta por ela e
seu ex-marido. O banco alegou,
durante a visita da comitiva brasileira, que necessitaria de tempo
para entregar os dados.
Segundo sua assessoria, Mentor
falará sobre a suposta conta nos
EUA e divulgará dados sobre a
empresa offshore Lespan, sediada
no Uruguai e com larga movimentação financeira em bancos
de Nova York. Essa offshore teria
remetido dinheiro a brasileiros
para contas abertas em outras instituições americanas.
Nicéa reafirmou ontem à Folha
que a conta foi aberta no Commercial Bank na presença de uma
funcionária da instituição chamada Dalia Ozire, ainda não ouvida
pela CPI. Nicéa disse ter assinado
papéis em branco, orientada por
Pitta. Segundo o relato da ex-primeira-dama, logo após ter deixado o prédio, Nicéa perguntou a
Pitta o motivo da abertura da conta. Ele disse, sempre segundo Nicéa, para ela não "se preocupar".
"Ele me enrolou", disse Nicéa.
Alegou não declarar a existência
da conta no Imposto de Renda
porque ela aparecia como dependente de Pitta. "Ele é que fazia as
declarações."
(ANDRÉA MICHAEL, ROBERTO COSSO e RUBENS VALENTE)
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