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EUA vetam fundo de combate à pobreza proposto por Lula ao G8
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
O governo dos Estados Unidos
veta, indiretamente, uma das teses mais caras a Luiz Inácio Lula
da Silva: taxar o comércio internacional de armas, como forma de
obter recursos para um fundo de
combate à pobreza e de atendimento às situações de emergência
nos países americanos.
O fundo até já foi criado, mas
não recebeu nenhum centavo até
agora. Para a Cúpula Extraordinária das Américas, que se encerra hoje em Monterrey, a Venezuela propôs uma modesta menção
ao fundo. Os governantes diriam:
"Tomamos nota" (da criação do
fundo). Nem assim superou o veto norte-americano.
Os diplomatas dos EUA alegam
que a ata constitutiva do fundo
diz que ele será financiado, entre
outras fontes, pela taxação do comércio internacional de armas.
O veto acaba incidindo, indiretamente, sobre a posição de Lula.
Foi exatamente a taxação do comércio de armas que Lula sugeriu, em discurso na reunião do G8
ampliado, no ano passado, como
fonte de financiamento para o
fundo internacional de combate à
pobreza, por ele proposto.
Sem consenso
O fundo de emergência é um
dos quatro assuntos sobre os
quais os negociadores não conseguiram consenso para terminarem, eles próprios, a redação da
Declaração de Novo León (o Estado no qual fica Monterrey).
Acabaram deixando para os
presidentes a tentativa de superar
impasses, que, a rigor, nem são
fundamentais.
Um dos itens em que há divergência entre Brasil e EUA é sobre
redução dos custos que incidem
sobre remessas de emigrantes para seus países de origem.
O Brasil concorda e até propôs a
redação a ser dada ao parágrafo
relativo ao texto. Mas discorda da
menção a uma data (2008) para
que estivessem em vigor mecanismos menos restritivos.
Um terceiro impasse está na
chamada cláusula anticorrupção,
uma proposta norte-americana
pela qual países tidos como corruptos seriam afastados da OEA
(Organização dos Estados Americanos). Nesse caso, não há um
conflito Brasil/EUA, mas o veto
de 31 dos 34 países da cúpula (exceto Canadá, El Salvador e, obviamente, Estados Unidos).
Há, no documento já aprovado,
menções à corrupção, tanto do
setor privado como do setor público, mas não à cláusula de exclusão, conforme a Folha já antecipou ontem.
Sempre Alca
Por fim, manteve-se a já antiga
pendência Brasil/Estados Unidos
sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Quando foi convidado para a
cúpula, pela qual o governo brasileiro não tinha muita simpatia,
Lula condicionou a aceitação à
exclusão do tema Alca da agenda.
É assunto que está sendo tratado
mais adequadamente em outro
foro (as reuniões ministeriais),
acha o governo brasileiro.
Aceitou depois que se fizesse
uma menção apenas genérica.
Mas a delegação norte-americana
quis "abrir mais um pouco" o texto. Foi vetado pelo Brasil e também pela Venezuela, que não
aceita menção alguma à Alca.
(CLÓVIS ROSSI)
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