São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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ELEIÇÕES NA CÂMARA

PMDB alerta para "surpresa'; deputado do PP se candidata

Partidos pressionam PT para definir a candidatura única

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O impasse do PT está inflacionando o custo político da candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) à presidência da Câmara. Procurados pelo petista José Genoino, presidentes de diferentes partidos alertam para o risco de a campanha oficial naufragar caso Virgílio Guimarães (PT-MG) mantenha-se na disputa.
Repetindo o que os tucanos haviam dito na terça-feira, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), avisou ontem a Genoino que "enquanto o PT tiver dois candidatos, ninguém vai se decidir".
Na saída de uma audiência de quase uma hora com Genoino, Temer afirmou que, mantida a candidatura de Virgílio, pode haver surpresa na eleição. "Voto secreto é sempre secreto."
Esse também foi o discurso da cúpula do PTB -incluindo o ministro Walfrido Mares Guia e o presidente do partido Roberto Jefferson (RJ)- na semana passada em audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com Genoino. "Se Virgílio não retirar a candidatura, pode complicar no plenário", disse o secretário-geral do PTB, Luiz Antônio Fleury Filho (SP).
Na conversa com Genoino, chegaram a admitir que apostavam na escolha de um petista mais popular. Enquanto o PT não se decide, o deputado Severino Cavalcante (PP-PE) -uma espécie de porta-voz do baixo clero- ganha fôlego para anunciar sua candidatura. Procurado por insatisfeitos com a atuação de Greenhalgh na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Cavalcante disse que "não há força que o faça desistir da candidatura". O anúncio, adianta, só acontecerá na quarta-feira.
Em 2001, Severino trocou sua candidatura por uma vaga à Mesa encabeçada pelo hoje governador Aécio Neves (PSDB-MG), mas jura que, desta vez, vai derrotar os dois. "O Virgílio vai ter mais voto que o outro", contabilizou.
Não é à toa que Genoino saiu do encontro com Temer dizendo-se consciente do problema. Ele afirmou ainda que buscará uma solução para "poder construir um acordo mais sólido com os partidos". Genoino disse que não quer "compartilhar esse problema com os partidos"."Temos compromisso, com os partidos, de solucionar esse problema. Esse é um problema do PT. O PT é que tem que resolver", reconheceu.
Na semana passada, para facilitar a negociação com os partidos da oposição, Genoino tentou afastar a candidatura de Greenhalgh do Palácio do Planalto. "O governo não tem interferência nenhuma, o governo não teve escolha, o governo não teve indicação. Isso está claro nas declarações do presidente Lula."
Ele admite, porém, que seria "melhor para o governo" uma eleição sem grandes tensões. E diz ainda que um acordo com os partidos pavimentará futuras negociações, como a reforma política.


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