São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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Acordo definirá divisão do poder no Congresso

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se vitorioso, os próximos passos do acordo entre PT, PMDB e PSDB na eleição à presidência da Câmara serão restabelecer regras de divisão de poder na Casa e elaborar uma agenda congressual comum para 2007.
A Folha apurou que os três principais pontos dessa agenda são reforma política, conclusão da reforma tributária iniciada em 2003 e nova regra de endurecimento à edição de MPs. PT, PMDB e PSDB poderão ainda dividir relatorias de projetos importantes e distribuir em acordo os espaços nas comissões permanentes da Câmara.
No acerto pelo qual PSDB e PMDB decidiram apoiar oficialmente a candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a presidente da Casa, o governador tucano José Serra recebeu a promessa de que a futura bancada de 20 deputados estaduais petistas apoiará a aprovação do Orçamento de 2008. O suporte ao tucano Vaz de Lima para presidir a Assembléia Legislativa paulista faz parte do acerto.
Já o grupo do PMDB da Câmara contará com o empenho de Chinaglia para indicar um novo ministro no segundo mandato de Lula -o mais cotado é o deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). No acerto com o PT, o PMDB recebeu a promessa de que terá o apoio dos petistas para eleger o presidente da Casa em 2009.
Apesar de ter sido surpreendido pelo êxito da articulação petista com os peemedebistas da Câmara, o que tornou Chinaglia favorito na disputa contra Aldo Rebelo (PC do B-SP), Lula tem interesse no entendimento do PT com o PSDB.
Durante a eleição presidencial, quando derrotou o tucano Geraldo Alckmin, Lula dizia em conversas reservadas que proporia um acordo aos "vencedores" do PSDB -Serra e o governador de Minas, Aécio Neves. Os dois tucanos são potenciais candidatos a presidente e têm boa relação com Lula.
Aécio é mais ameno politicamente. Serra, que fez um discurso de posse marcando diferenças com Lula e o PT, diz que gosta pessoalmente do presidente. A articulação petista concretizou uma intenção de Lula. Se a aliança para eleger Arlindo for exitosa, o que parece provável hoje, Lula terá um cenário congressual mais organizado que o atual, especialmente comparado ao cenário de luta entre governo e oposição dos dois últimos anos.
Em São Paulo, o grupo da ex-prefeita Marta Suplicy deverá ter relacionamento menos beligerante com os tucanos que no passado. Marta e Serra restabeleceram contatos políticos e sabem que poderão eventualmente ser adversários em 2010. A ex-prefeita é também uma presidenciável.
No entanto, a depender do cenário político, poderão não se enfrentar. Ela não está inclinada a disputar a Prefeitura de São Paulo em 2008, mas poderá fazê-lo se não for contemplada por Lula com um ministério. Marta também poderia ser candidata a governadora em 2010.
Serra e Aécio são beneficiados porque estabelecem diferenças com as alas do PSDB e do PFL mais radicais na oposição a Lula. Por ora ambos estão empenhados no sucesso de suas gestões, uma precondição para um vôo mais alto, como o Planalto.


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