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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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AJUSTE PETISTA

Mantega diz que quer recompor orçamento da área até o final do ano

Cortes deixam gastos da saúde abaixo do fixado por emenda

Lula Marques - 11.fev.2002/Folha Imagem
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, durante entrevista


SÍLVIA MUGNATTO
FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com os cortes no Orçamento anunciados esta semana, os gastos da área da saúde ficaram abaixo dos R$ 30 bilhões fixados pela emenda constitucional 29, aprovada em 2000.
Pela regra o governo teria de investir no setor o mesmo montante de 2002 acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (inflação mais aumento real do PIB). O corte inviabiliza o cumprimento da regra.
Ontem, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse que pretende recompor o orçamento do ministério até o final do ano.
Durante todo o governo anterior, os partidos de oposição, principalmente o PT, brigaram com o Ministério da Fazenda para que prevalecesse o entendimento da emenda constitucional 29.
O Tribunal de Contas da União também já firmou parecer favorável à essa interpretação, anteriormente defendida pelo PT.
Nas discussões do Orçamento de 2003, a bancada do PT no Congresso aumentou as despesas da saúde em cerca de R$ 1,6 bilhão justamente para cumprir a emenda. Agora, esse valor foi bloqueado (contingenciado).

Arrecadação
O ministro disse que confia na arrecadação de receitas extraordinárias e em um crescimento econômico superior a 2,8% para poder cumprir a lei.
Mantega disse que a maior parte do corte na saúde é de emendas de parlamentares, mas cerca de R$ 600 milhões são despesas de manutenção. "Vamos aumentar a produtividade. O contingenciamento reduz a infra-estrutura dos programas, mas não interferirá no atendimento à população."
As emendas dos parlamentares para a área da saúde que foram cortadas previam gastos com aparelhagem de unidades móveis de saúde e reformas de hospitais.
Caso não obtenha pelo menos parte da verba cortada, a pasta poderá ser alvo de ações na Justiça em razão do descumprimento. O Ministério Público Federal vem acompanhando o desempenho de Estados, municípios e da União no cumprimento da determinação constitucional.
O ministério também poderá ter dificuldades para cobrar de Estados e municípios o cumprimento da emenda, caso não atinja sua própria meta.
A proposta original da emenda é do ex-deputado federal e hoje secretário da Saúde do município de São Paulo, Eduardo Jorge. É uma das conquistas mais valorizadas pelos militantes do setor. Antes, o financiamento da área, por não ter uma regra, estava sujeito às alterações da economia.

Outros cortes
O ministro explicou que ao avaliar a necessidade de cortes de R$ 9,3 bilhões por causa do aumento das despesas com pessoal, o governo levou em conta a reserva de R$ 4,8 bilhões que o Congresso tinha feito para o aumento do salário mínimo.
"O Congresso acertou na receita, mas não ajustou a despesa", disse ao comentar os números gerais do Orçamento.
Mantega disse ainda que os cortes na educação atingiram principalmente despesas de custeio.
Sobre o programa Fome Zero, o ministro disse que o programa ficou com menos de R$ 1,8 bilhão porque uma medida provisória destinou cerca de R$ 105 milhões desse total para programas de renda. "Os recursos do programa estão mantidos de maneira integral", afirmou ressaltando que os programas sociais prioritários do governo estariam mantidos.


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