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TIROTEIO BAIANO
Relação foi entregue pelo presidente do TJ baiano a Thomaz Bastos; telefone de Benito Gama está na lista
Ministro recebe lista de 466 grampeados
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Tribunal de
Justiça da Bahia, Carlos Cintra,
entregou ao ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) relação
com os 466 telefones que foram
grampeados a partir de pedido de
quebra de sigilo feito pela Secretaria estadual da Segurança Pública.
A lista entregue ao ministro ontem está sendo investigada pela
Polícia Civil da Bahia. A PF vai entrar no caso agora, por determinação expressa de Bastos.
Na lista de telefones, figuram os
números do ex-deputado Benito
Gama (PMDB-BA) e de sua filha,
Taíssa Teixeira Santos.
Benito é adversário político do
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), citado pelo deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) como responsável por outro
grampo ilegal, sob investigação
da Polícia Federal.
Segundo Taíssa, Benito começou a desconfiar da escuta quando recebeu uma ligação de um
empresário oferecendo aluguel de
dois carros para sua campanha.
Menos de uma hora depois, um
general da Casa Militar do governo baiano teria cobrado do empresário dois carros para a campanha eleitoral de ACM.
O telefone celular de Adriane
Barreto, que era do círculo mais
próximo ao senador, e de alguns
familiares dela também estão na
lista.
Cintra considerou "estranha" a
quebra de tantos sigilos. Segundo
ele, a justificativa da secretaria era
a investigação de uma "quadrilha
gigantesca" de sequestradores. O
desembargador pediu que a PF
apurasse o caso.
A PF abriu um inquérito na semana passada para investigar a
fraude em um pedido de quebra
de sigilo feito em 2002 pela polícia
baiana à juíza de Itapetinga, Tereza Cristina, em que o telefone de
Geddel foi incluído a caneta.
A Folha ligou para alguns dos
telefones da lista. A maioria das
pessoas afirmou desconhecer o
grampo e demonstrou indignação com a informação da reportagem sobre o crime em apuração
pela secretaria baiana. Ao menos
três escritórios de advocacia e alguns advogados da área criminal
de Salvador foram grampeados.
A mãe-de-santo Nadir Barbosa,
moradora de Teodoro Sampaio,
foi uma das que disse à Folha não
saber da existência do grampo.
O delegado Valdir Barbosa,
atual delegado-chefe da Polícia
Civil da Bahia, assinou 380 dos
466 pedidos de quebra de sigilo
telefônico. Os outros 86 foram feitos pela delegada Ângela de Sá Labanca, de acordo com a documentação obtida pela Folha.
Os pedidos de Barbosa foram
feitos a partir de março de 2002,
quando a polícia já havia prendido os principais suspeitos do sequestro em investigação.
Grampo a Geddel
O delegado Gesival Gomes, que
investiga o grampo contra Geddel, vai ouvir os dois delegados
nesta semana.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, é "muito difícil"
chegar ao mandante do crime.
Para Gomes, ainda não é possível
traçar um prognóstico.
Segundo a assessoria da PF, como a adulteração do pedido de
grampo foi feita a caneta, é grande
a possibilidade de responsabilizar
apenas o delegado baiano Allan
Farias, que assina o pedido.
Hoje, Gomes ouvirá o depoimento da juíza Tereza Cristina.
Segundo Gomes, ACM, considerado suspeito pelos deputados,
não foi citado no inquérito aberto
para investigar o grampo. Por isso, não se sabe se o senador será
ouvido pela PF.
Colaborou JOSIAS DE SOUZA E ANA PAULA GRABOIS, da Sucursal de Brasília
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