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BRASIL PROFUNDO
Ministério Público do Trabalho diz ter libertado 32 trabalhadores em fazenda de João Ribeiro no Pará
Senador é acusado de usar trabalho escravo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público do Trabalho informou ontem que 32 trabalhadores rurais vinham sendo
mantidos em condição análoga à
escravidão em uma fazenda do
senador João Ribeiro (PFL-TO)
no município de Piçarra, no sul
do Pará.
O Grupo Móvel, composto por
auditores-fiscais do Ministério do
Trabalho, procuradores do Trabalho e policiais federais que inspecionam fazendas a partir de denúncias que recebem, encontrou
os trabalhadores, os libertou e os
levou à Araguaína, no norte de
Tocantins, para que eles prestassem depoimento à PF.
O procurador do Trabalho Marcelo José Fernandes da Silva, que
acompanhou a operação, disse
que irá mover uma ação civil pública contra o senador para reparação de danos causados aos empregados da fazenda.
No ano passado, o deputado
Inocêncio Oliveira (PFL-PE) foi
condenado a pagar multa de R$
530 mil sob acusação de ter submetido 53 trabalhadores rurais a
regime de trabalho semelhante à
escravidão em fazenda no interior
do Maranhão.
O deputado federal também foi
condenado a regularizar a situação trabalhista de cada um. Na
época, ele negou as irregularidades e informou que recorreria das
duas sentenças.
O subprocurador-geral do Trabalho Camargo de Melo lamentou ontem o envolvimento de políticos em acusações desse tipo.
"Quando começamos a apuração,
não sabemos quem é o proprietário. É uma vergonha que se encontrem cada vez mais homens
públicos envolvidos nessas denúncias", disse.
Os trabalhadores da fazenda de
João Ribeiro disseram à Polícia
Federal que não recebiam salários, não tinham direito a descanso semanal remunerado nem dispunham de instalações sanitárias.
Segundo o procurador Fernandes da Silva, eles foram contratados pelo gerente da fazenda para
preparo de pastagens e tinham
que comprar equipamentos de
proteção individual, que deveriam ser fornecidos pelos responsáveis pelo imóvel.
Atividade degradante
O Ministério Público do Trabalho também informou ter encontrado 18 trabalhadores rurais, incluindo um jovem de 16 anos, em
atividade degradante em uma fazenda próxima à cidade de Marabá, também no sul do Pará, pertencente a uma empresa.
Eles haviam sido contratados
para fazer roçagem de pasto e
construir cercas, mas foram encontrados sem condições adequadas de alimentação, alojamento,
saúde e segurança do trabalho, segundo o órgão.
Todos eles foram levados à sede
da Comissão Pastoral da Terra e
aguardavam ontem à tarde o recebimento de verbas rescisórias
estimadas em R$ 20 mil, que poderiam ser pagas ontem mesmo,
informou o Ministério Público,
que também acompanhou essa
operação.
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