São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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ELEIÇÃO NA CÂMARA

Mesmo parlamentares da base governista admitem risco de infidelidade na cabine de votação amanhã

Deputados temem "traição" em voto secreto

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes governistas se reuniram ontem em Brasília para traçar a estratégia de campanha do candidato oficial, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), para a presidência da Câmara. Calcularam em 270 o número de votos prometidos. Mas saíram de lá sem certeza de vitória em primeiro turno. Até porque os mais dedicados governistas admitem: há risco de infidelidade na cabine de votação amanhã, com o voto secreto.
"Estou fazendo minha parte. Mas o que vai ter de traição atrás daquela cortininha", diz o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Cabo eleitoral de Greenhalgh, o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), trabalha com uma margem de erro de 10% na projeção de votos. Mas confessa: "Isso é aleatório. Nosso impeditivo é esse voto secreto. Um absurdo".
Para ele, porém, o medo de traição também afeta o dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG), à medida que o desempenho de Greenhalgh melhora.
"É na cabine que o deputado desabafa sua revolta contida", diz o líder do PPS e aliado de Virgílio, Júlio Delgado (MG).
Por outro lado, o presidente do PT, José Genoino (SP), mostrou-se otimista. "Vamos ganhar no primeiro turno", disse, após almoço com líderes petistas e com o presidente da Câmara, João Paulo (SP), num restaurante de Brasília. Genoino afirmou que não teme o voto secreto.
O almoço foi a segunda etapa em um dia que começou com uma reunião de líderes de partidos aliados, na Câmara, pela manhã. "Estamos conversando com os deputados para tentar a vitória ainda no primeiro turno", disse o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP).
Pela manhã, João Paulo negou que estivesse usando a máquina da Casa a favor de Greenhalgh. Segundo ele, seu apoio ao candidato é porque é o nome do PT.
Participaram ainda da reunião da manhã Greenhalgh, Genoino e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), José Borba (PMDB-PR), José Múcio Monteiro (PTB-PE) e Paulo Rocha (PT-PA).

A votação
Para a votação, são instaladas duas cabines no plenário. Dentro delas, cédulas com o nome de cada candidato aos 11 cargos da mesa. Os envelopes são depositados em duas urnas diferentes. Do plenário à mesa do presidente, até seria possível conferir votos.
Mas o líder do PP, José Janene (PR), afirma que "só Deus controla" o que acontece na cabine. Ao falar da resistência a Greenhalgh, avisa: "Tem gente querendo pegar o governo no voto secreto".
Para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), "o deputado pode sair com o envelope pronto da liderança. É mais prático".
Hoje é dia de mobilização em Brasília. Em reunião, PFL decidirá se mantém a candidatura de José Carlos Aleluia (BA) ou se busca apoio tucano. O presidente do PSDB, Eduardo Azeredo (MG), se reúne com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).
Hoje haverá outra reunião de petistas, além de um churrasco em favor da candidatura de Greenhalgh. Virgílio participa de jantar. Severino Cavalcanti (PP-PE) pede votos por telefone.
Partidos têm recrutado deputados que são secretários em seus Estados e têm suplentes de outros partidos para a votação. No PFL, são três, como o secretário de Educação de São Paulo, José Pinotti. No PSDB, são outros três.


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