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ELEIÇÃO NA CÂMARA
Mesmo parlamentares da base governista admitem risco de infidelidade na cabine de votação amanhã
Deputados temem "traição" em voto secreto
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes governistas se reuniram ontem em Brasília para traçar a estratégia de campanha do
candidato oficial, Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP), para a presidência da Câmara. Calcularam
em 270 o número de votos prometidos. Mas saíram de lá sem
certeza de vitória em primeiro
turno. Até porque os mais dedicados governistas admitem: há risco
de infidelidade na cabine de votação amanhã, com o voto secreto.
"Estou fazendo minha parte.
Mas o que vai ter de traição atrás
daquela cortininha", diz o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Cabo eleitoral de Greenhalgh, o
líder do PSB, Renato Casagrande
(ES), trabalha com uma margem
de erro de 10% na projeção de votos. Mas confessa: "Isso é aleatório. Nosso impeditivo é esse voto
secreto. Um absurdo".
Para ele, porém, o medo de traição também afeta o dissidente
Virgílio Guimarães (PT-MG), à
medida que o desempenho de
Greenhalgh melhora.
"É na cabine que o deputado desabafa sua revolta contida", diz o
líder do PPS e aliado de Virgílio,
Júlio Delgado (MG).
Por outro lado, o presidente do
PT, José Genoino (SP), mostrou-se otimista. "Vamos ganhar no
primeiro turno", disse, após almoço com líderes petistas e com o
presidente da Câmara, João Paulo
(SP), num restaurante de Brasília.
Genoino afirmou que não teme o
voto secreto.
O almoço foi a segunda etapa
em um dia que começou com
uma reunião de líderes de partidos aliados, na Câmara, pela manhã. "Estamos conversando com
os deputados para tentar a vitória
ainda no primeiro turno", disse o
líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP).
Pela manhã, João Paulo negou
que estivesse usando a máquina
da Casa a favor de Greenhalgh.
Segundo ele, seu apoio ao candidato é porque é o nome do PT.
Participaram ainda da reunião
da manhã Greenhalgh, Genoino e
os deputados Arlindo Chinaglia
(PT-SP), José Borba (PMDB-PR),
José Múcio Monteiro (PTB-PE) e
Paulo Rocha (PT-PA).
A votação
Para a votação, são instaladas
duas cabines no plenário. Dentro
delas, cédulas com o nome de cada candidato aos 11 cargos da mesa. Os envelopes são depositados
em duas urnas diferentes. Do plenário à mesa do presidente, até seria possível conferir votos.
Mas o líder do PP, José Janene
(PR), afirma que "só Deus controla" o que acontece na cabine. Ao
falar da resistência a Greenhalgh,
avisa: "Tem gente querendo pegar o governo no voto secreto".
Para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), "o deputado
pode sair com o envelope pronto
da liderança. É mais prático".
Hoje é dia de mobilização em
Brasília. Em reunião, PFL decidirá
se mantém a candidatura de José
Carlos Aleluia (BA) ou se busca
apoio tucano. O presidente do
PSDB, Eduardo Azeredo (MG), se
reúne com o líder do PMDB no
Senado, Renan Calheiros (AL).
Hoje haverá outra reunião de
petistas, além de um churrasco
em favor da candidatura de Greenhalgh. Virgílio participa de jantar. Severino Cavalcanti (PP-PE)
pede votos por telefone.
Partidos têm recrutado deputados que são secretários em seus
Estados e têm suplentes de outros
partidos para a votação. No PFL,
são três, como o secretário de
Educação de São Paulo, José Pinotti. No PSDB, são outros três.
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