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Ex-seguidor de missionária agora trabalha com dono de madeireira
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANAPU
Ex-sindicalista de trabalhadores rurais e ex-vice-prefeito de
Anapu, Francisco de Assis dos
Santos Souza, 37, o Chiquinho do
PT, tachou de "santificação forçada" as homenagens prestadas ontem à missionária Dorothy Stang.
Tido como uma das "crias" da
missionária no movimento dos
sem-terra, Chiquinho era alvo
constante de ameaças de morte
por denunciar a extração ilegal de
madeira. Junto com a freira, tinha
acesso aos ministérios de Brasília.
Na época do assassinato, chegou a ter seu nome citado pelo
pistoleiro Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, com um dos envolvidos no crime, mas foi defendido
pelos amigos de Dorothy.
Seu afastamento do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de
Anapu aconteceu em setembro
passado. Na época a Polícia Civil
do Pará e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis) o
apontaram como beneficiado, enquanto candidato a prefeito pelo
PT, no suposto esquema de corrupção, em 2004, envolvendo liberação ilegal de madeira.
Chiquinho é hoje assessor do fazendeiro Délio Fernandes, que
também chegou a ser citado no
crime da missionária, como um
dos participantes de um consórcio. Segundo ele, trabalhar com o
madeireiro foi sua única opção.
"Muita gente acha que você sentar com madeireiro e discutir é estar se corrompendo." Segundo
ele, com o madeireiro, ganha uma
diária de R$ 60 para acompanhar
processos da empresa no Ibama.
A freira Jane Dwyer lembrou
quando o pistoleiro Clodoaldo
Carlos Batista citou Chiquinho no
crime. "Eu e ele [Chiquinho] choramos juntos naquela ocasião. Divergência não é desgostar, nunca
deixamos Dorothy só, mas andar
juntos é unir-se ao movimento
social e ter humildade. Chiquinho
perdeu a identidade."
(KB)
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