São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

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Ex-seguidor de missionária agora trabalha com dono de madeireira

DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANAPU

Ex-sindicalista de trabalhadores rurais e ex-vice-prefeito de Anapu, Francisco de Assis dos Santos Souza, 37, o Chiquinho do PT, tachou de "santificação forçada" as homenagens prestadas ontem à missionária Dorothy Stang.
Tido como uma das "crias" da missionária no movimento dos sem-terra, Chiquinho era alvo constante de ameaças de morte por denunciar a extração ilegal de madeira. Junto com a freira, tinha acesso aos ministérios de Brasília.
Na época do assassinato, chegou a ter seu nome citado pelo pistoleiro Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, com um dos envolvidos no crime, mas foi defendido pelos amigos de Dorothy.
Seu afastamento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu aconteceu em setembro passado. Na época a Polícia Civil do Pará e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) o apontaram como beneficiado, enquanto candidato a prefeito pelo PT, no suposto esquema de corrupção, em 2004, envolvendo liberação ilegal de madeira.
Chiquinho é hoje assessor do fazendeiro Délio Fernandes, que também chegou a ser citado no crime da missionária, como um dos participantes de um consórcio. Segundo ele, trabalhar com o madeireiro foi sua única opção.
"Muita gente acha que você sentar com madeireiro e discutir é estar se corrompendo." Segundo ele, com o madeireiro, ganha uma diária de R$ 60 para acompanhar processos da empresa no Ibama.
A freira Jane Dwyer lembrou quando o pistoleiro Clodoaldo Carlos Batista citou Chiquinho no crime. "Eu e ele [Chiquinho] choramos juntos naquela ocasião. Divergência não é desgostar, nunca deixamos Dorothy só, mas andar juntos é unir-se ao movimento social e ter humildade. Chiquinho perdeu a identidade." (KB)

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