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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Sonho e realidade
Longa reportagem do
"Washington Post" de ontem, intitulada "Um sonho de
gasoduto latino-americano",
com direito a foto de Lula com
Néstor Kirchner e Hugo Chávez,
levantou as dificuldades à frente
do que o venezuelano anunciou
como "símbolo da influência
decrescente nos EUA".
Entre outros "analistas" ouvidos, um membro do Inter-American Dialogue, americano, disse que a América Latina "caminha para a desintegração", não a
integração pela energia.
Outro, brasileiro do Greenpeace, reclamou que a comunidade ambientalista foi pega "de
surpresa", mas arriscou "conseqüências enormes" para o meio
ambiente e os índios.
Para um terceiro, venezuelano
opositor de Chávez, tudo não
passa de "instrumento político".
Atento à região no fim-de-semana, o "WP", que ecoa usualmente as preocupações do Departamento de Estado dos EUA,
foi em outra linha na coluna de
Marcela Sanchez, sobre relações
com a América Latina.
Sanchez louvou "uma voz da
razão para a América Latina". É
o secretário-assistente de Estado
para a região, Thomas Shannon,
que se colocou em oposição ao
secretário de Defesa, Donald
Rumsfeld, quanto à suposta
ameaça de Chávez e cia. Diz
Shannon que "o grande desafio"
na América Latina "não é a Venezuela, mas a pobreza".
Porém o texto, como sempre,
fechou com críticas a Chávez e
elogios a Lula, em comparação.
E tome energia. O "Wall Street
Journal" deu que o secretário do
Tesouro dos EUA, John Snow,
conversou longamente com o
ministro Antônio Palocci, no
encontro do G8 na Rússia, e o
assunto foi, mais uma vez, auto-suficiência em petróleo.
Um "funcionário graduado",
segundo o "WSJ", disse que os
EUA "estão muito interessados"
no êxito brasileiro com etanol e
que Snow pediu "conselhos" ao
colega, em encontro privado.
Por outro lado, o mesmo
"WSJ", em sua coluna de diplomacia, registrou as "novas prioridades" do Departamento de
Estado, por conta das alterações
de equipe nas embaixadas e
consulados dos EUA.
Na China, 15 novos postos. Na
Índia, 12. Para tanto, na Rússia,
menos 10. Alemanha, menos 7.
A maioria (38) sai da Europa.
No Brasil e em outros seis países
pelo globo, dois postos a menos.
BBC/Reprodução
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Soldados da ONU, liderados pelo Brasil, escoltam as urnas |
BRUTAL!
O primeiro-ministro
Tony Blair passou o dia,
do "Financial Times" aos
despachos das agências
AP e outras, duelando
com Lula na África.
Blair cobra concessões
de países como Brasil e
Índia, nas negociações
comerciais. Lula cobra
antes um encontro entre
líderes mundiais. Fim do dia e, de novo, avanço nenhum.
Blair, na verdade, estava com a cabeça em outra parte.
O tablóide "News of the World" deu, sob a manchete
"Brutal!", as imagens de soldados britânicos batendo em
adolescentes iraquianos. E tome, do primeiro-ministro,
promessas de investigação e punição etc.
Por conta do "News of the World", o dia foi curioso, na
cobertura eletrônica. O jornal vetou toda reprodução do
vídeo -e ao mesmo tempo postou as cenas na íntegra
em seu site. O resultado foi que sites e canais de notícias
gastaram o dia no vaivém entre reproduzir ou não.
No meio do dia, viam-se as cenas na Al Jazira ou na
Globo News, mas não na BBC ou na CNN. Depois, sumiu
das primeiras e entrou nas últimas. Sintomaticamente,
além da Al Jazira outros dois canais árabes, o saudita Al
Arabiya e o iraniano Al Alam, cobriram ruidosamente o
caso, com o vídeo. Já o iraquiano Al-Sharqiyah, não.
Os sites noticiosos de EUA e Europa, por outro lado,
não poderiam ser mais cautelosos. "New York Times" e
"Le Monde" mal registraram. Já "Guardian" e "El País"
deram certa atenção, mas nada de manchete. No Brasil,
na Folha Online e outros, foi a manchete.
A certa altura, o "El País" apelou para a reprodução do
áudio da gravação, aliás, tão revoltante quanto as cenas.
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