São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Jefferson reitera que Lula sabia de mensalão

Ex-deputado diz, em depoimento, que por duas vezes avisou o presidente sobre suposto pagamento de parlamentares

Dirigente do PTB se recusa a aderir ao sistema de delação premiada e mais uma vez afirma que vai arrolar Lula como testemunha de defesa

Rafael Andrade/Folha Imagem
O ex-deputado Roberto Jefferson almoça em churrascaria do Rio após depor na Justiça Federal


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) reafirmou, em depoimento prestado ontem à 7ª Vara Criminal Federal do Rio, que por duas vezes avisou Lula do mensalão, que se reuniu diversas vezes para tratar de acordos financeiros entre seu partido e o PT e que tudo o que era decidido tinha a "chancela" do ministro José Dirceu.
Ele se recusou a proposta do juiz Marcelo Granado de aderir ao sistema de delação premiada: "Não quero negociar isso em hipótese alguma. Não vou fazer nenhuma troca". Após a audiência, o petebista definiu a delação premiada como um recurso "para vagabundo".
Segundo a defesa de Jefferson, foi a primeira vez que juiz propôs a seu cliente contar tudo o que sabe sobre o mensalão em troca do abrandamento de sentença. "Nunca ninguém tinha ousado fazer essa proposta, e jamais pensamos nisso. Não é a nossa linha de defesa", disse o advogado Antônio Barbosa.
A sugestão do juiz aconteceu quando, pela terceira vez, Jefferson se recusou a responder sobre qual teria sido a participação de dirigentes petistas em episódios do mensalão. Jefferson invocou a condição de acusado para se negar a responder.
"Confirmo, ratifico, todas as informações que dei no passado. O momento era outro, era político. (...) Agora, [só] falo sobre fatos a mim atribuídos, não a terceiros", disse o ex-deputado, que em entrevista à Folha em 2005 disse que o governo Lula pagava um mensalão a deputados em troca de apoio. Em setembro de 2005, Jefferson foi cassado pela Câmara. Hoje é um dos 39 réus do processo que tramita no STF.
Em uma hora de depoimento, Jefferson repetiu o que já disse em entrevistas e depoimentos e reafirmou a intenção de arrolar Lula na lista de testemunhas de defesa. O objetivo seria mostrar que ele alertou o presidente sobre o mensalão.


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