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Sarkozy amplia policiamento em fronteira
Presidente francês anuncia operação com mil homens na Guiana para tentar inibir imigração clandestina de brasileiros
Cônsul-geral do Brasil
naquele país, Carlos de
Carvalho diz que o temor
é o de que exista "violações
aos direitos humanos"
DO ENVIADO A SAINT-GEORGES DO
OIAPOQUE (GUIANA FRANCESA)
Conhecido por sua dura retórica antiimigratória, o presidente francês, Nicolas Sarkozy,
anunciou uma megaoperação
na fronteira da Guiana Francesa com o Brasil com mil policiais e soldados a partir da próxima semana contra garimpeiros clandestinos do país vizinho e elogiou ação da Marinha
que deixou quatro pescadores
ilegais brasileiros baleados, em
novembro. O Consulado-Geral
do Brasil diz temer a ocorrência
de "violações aos direitos humanos" com a nova ofensiva.
"A partir da semana que vem,
começará uma operação excepcional de segurança do território da Guiana. Pedi às Forças
Armadas que empreguem os
reforços vindos da metrópole e
das Antilhas, assim como
meios de transporte e de transporte aéreo", discursou Sarkozy anteontem durante visita
a Camopi, aldeia indígena na
beira do rio Oiapoque, fronteira com o Brasil, que se estende
por cerca de 700 km.
"Se alguns teimosos não entenderam que a Guiana é a
França e que a França se respeita, não é uma terra de faroeste, nós iremos ajudá-los. A
terra de Guiana não será mais
violada impunemente", disse.
Para combater melhor o garimpo, Sarkozy prometeu modificar os códigos mineiro e
aduaneiro e defendeu aumentar a pena para esse crime.
Sarkozy também anunciou o
envio de um avião destinado
exclusivamente para a deportação. Segundo ele, 10 mil imigrantes ilegais foram expulsos
desse Departamento francês
apenas no ano passado.
De acordo com o Consulado-Geral do Brasil, há cerca de 20
mil brasileiros legais na Guiana
Francesa (13% da população do
Departamento).
Estima-se que outros 25 mil
a 40 mil estariam ilegalmente
na região. Apenas nas primeiras semanas deste ano, 128 foram deportados com registro
no consulado, mas o número é
bem maior, já que muitos deles
são expulsos diretamente na
fronteira.
Pesca ilegal
No mesmo discurso, Sarkozy
elogiou uma violenta ação da
Marinha francesa contra a pesca ilegal. "A operação foi um sucesso, e os pescadores brasileiros não se aventuram mais
atualmente na zona francesas",
afirmou, sobre a apreensão de
um pesqueiro brasileiro ilegal,
que deixou quatro feridos supostamente por resistência.
"Outras operações desse tipo
serão necessárias até que ninguém mais tenha dúvida da
nossa determinação."
Questionado sobre a nova
ofensiva francesa, o cônsul-geral do Brasil na Guiana Francesa, Carlos de Carvalho, afirmou
ontem que "o temor é que haja
violações aos direitos humanos". "Como eu tenho deixado
bem claro aos brasileiros, não
posso defender os direitos inexistentes. Agora, não vou permitir maus-tratos."
Durante o encontro com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ontem, Sarkozy adotou
um tom mais diplomático: prometeu uma Guiana Francesa
"aberta aos brasileiros", mas
afirmou que "seremos firmes e
determinados contra todos os
tipos de tráfico".
No comunicado conjunto, os
dois países se comprometeram
a combater o garimpo e a pesca
ilegais e a aumentar a colaboração policial na fronteira.
(FM)
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