São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Sarkozy amplia policiamento em fronteira

Presidente francês anuncia operação com mil homens na Guiana para tentar inibir imigração clandestina de brasileiros

Cônsul-geral do Brasil naquele país, Carlos de Carvalho diz que o temor é o de que exista "violações aos direitos humanos"

DO ENVIADO A SAINT-GEORGES DO OIAPOQUE (GUIANA FRANCESA)

Conhecido por sua dura retórica antiimigratória, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou uma megaoperação na fronteira da Guiana Francesa com o Brasil com mil policiais e soldados a partir da próxima semana contra garimpeiros clandestinos do país vizinho e elogiou ação da Marinha que deixou quatro pescadores ilegais brasileiros baleados, em novembro. O Consulado-Geral do Brasil diz temer a ocorrência de "violações aos direitos humanos" com a nova ofensiva.
"A partir da semana que vem, começará uma operação excepcional de segurança do território da Guiana. Pedi às Forças Armadas que empreguem os reforços vindos da metrópole e das Antilhas, assim como meios de transporte e de transporte aéreo", discursou Sarkozy anteontem durante visita a Camopi, aldeia indígena na beira do rio Oiapoque, fronteira com o Brasil, que se estende por cerca de 700 km.
"Se alguns teimosos não entenderam que a Guiana é a França e que a França se respeita, não é uma terra de faroeste, nós iremos ajudá-los. A terra de Guiana não será mais violada impunemente", disse.
Para combater melhor o garimpo, Sarkozy prometeu modificar os códigos mineiro e aduaneiro e defendeu aumentar a pena para esse crime.
Sarkozy também anunciou o envio de um avião destinado exclusivamente para a deportação. Segundo ele, 10 mil imigrantes ilegais foram expulsos desse Departamento francês apenas no ano passado.
De acordo com o Consulado-Geral do Brasil, há cerca de 20 mil brasileiros legais na Guiana Francesa (13% da população do Departamento).
Estima-se que outros 25 mil a 40 mil estariam ilegalmente na região. Apenas nas primeiras semanas deste ano, 128 foram deportados com registro no consulado, mas o número é bem maior, já que muitos deles são expulsos diretamente na fronteira.

Pesca ilegal
No mesmo discurso, Sarkozy elogiou uma violenta ação da Marinha francesa contra a pesca ilegal. "A operação foi um sucesso, e os pescadores brasileiros não se aventuram mais atualmente na zona francesas", afirmou, sobre a apreensão de um pesqueiro brasileiro ilegal, que deixou quatro feridos supostamente por resistência. "Outras operações desse tipo serão necessárias até que ninguém mais tenha dúvida da nossa determinação."
Questionado sobre a nova ofensiva francesa, o cônsul-geral do Brasil na Guiana Francesa, Carlos de Carvalho, afirmou ontem que "o temor é que haja violações aos direitos humanos". "Como eu tenho deixado bem claro aos brasileiros, não posso defender os direitos inexistentes. Agora, não vou permitir maus-tratos."
Durante o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, Sarkozy adotou um tom mais diplomático: prometeu uma Guiana Francesa "aberta aos brasileiros", mas afirmou que "seremos firmes e determinados contra todos os tipos de tráfico".
No comunicado conjunto, os dois países se comprometeram a combater o garimpo e a pesca ilegais e a aumentar a colaboração policial na fronteira. (FM)


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