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Irmão diz que Battisti sofreu agressão em prisão no Brasil
Secretário do DF afirma que apuração do caso foi arquivada por falta de indícios
Declaração de Vincenzo a publicação italiana é similar à de ex-terrorista à Folha em 2008, quando afirmou ter sido vítima de maus-tratos
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mais velho dos quatro irmãos de Cesare Battisti, Vincenzo, 68, afirmou em entrevista a uma revista italiana que o
ex-militante sofreu agressões
durante sua prisão no Brasil.
"Espancavam-no continuamente, raspavam seu cabelo e o
humilhavam, apagavam cigarros nele. Antes de encontrá-lo,
a mulher e a filha pequena tiveram de esperar dois dias. Mas
quando se viram, ainda havia
inchaços. A menina ficou chocada", relatou ele, sem especificar onde teriam acontecido os
supostos maus-tratos.
Battisti disse que recebeu
ameaças quando chegou à penitenciária da Papuda, em Brasília, após ser preso no Rio, em
2007. Em relato à revista
"Piauí", no mesmo ano, afirmou que "os carcereiros me
gritavam: "Aqui não é a Itália,
seu assassino de policiais'".
À Folha, em entrevista em
fevereiro de 2008, Battisti afirmou ter sido cuspido, chutado
e jogado no chão.
O ex-militante foi condenado em seu país, entre outros
crimes, por assassinar um
agente carcerário. Ele nega. O
irmão disse que, se Battisti participou, não foi ele quem "pressionou o gatilho".
A reportagem falou com o secretário de Segurança Pública
do Distrito Federal, Valmir Lemos de Oliveira, responsável
pela penitenciária, que disse
terem sido instaurados na época dois procedimentos administrativos para apurar as denúncias. "Mas eles foram arquivados por falta de indícios."
Após o episódio, a defesa do
italiano ingressou com uma representação no STF (Supremo
Tribunal Federal), onde já tramitava o processo de extradição, para pedir sua transferência. O ministro Celso de Mello,
então relator do caso, autorizou a ida dele para a carceragem da Polícia Federal, em
Brasília. Lá Battisti ficou preso
até setembro passado, quando
foi transferido para a Papuda.
Segundo relato de pessoas
próximas a Battisti e aos seus
advogados, ele não reclamou
mais de maus-tratos.
Agora o ex-membro do PAC
(Proletários Armados pelo Comunismo) aguarda pelo julgamento do STF, que decidirá se
aceita o pedido de extradição,
feito pela Itália. Na última terça-feira, a Corte negou a liminar proposta pela governo italiano de anular o refúgio .
Proteção brasileira
Dizendo falar "em nome de
toda a família", Vincenzo também acusou o serviço secreto
francês de maltratar Battisti
quando ele já estava no Brasil.
Agora, segundo declaração do
irmão, o ex-ativista conta com a
proteção de autoridades brasileiras, como a do senador José
Nery (PSOL-PA).
Ontem, ele visitou Battisti na
prisão, acompanhado do senador João Pedro (PT-AM) e dos
deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Manuela D'Ávila (PC do B-RS).
Na entrevista, cuja versão integral será divulgada hoje pela
revista "Panorama", Vincenzo
pediu ao presidente italiano,
Giorgio Napolitano, que conceda o perdão a seu irmão. "Cesare vivia como um animal caçado, sempre em fuga, longe de
seus entes queridos", disse.
Com agências internacionais
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