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No interior de SP, Serra chama manifestante de "energúmeno"
De acordo com assessores, governador se irritou com xingamentos da plateia
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), chamou um
manifestante de "energúmeno" ontem, durante solenidade
de entrega de 57 ônibus escolares na cidade de Guararapes
(558 km da cidade de SP).
Carregando faixas e identificando-se como da Apeosp (sindicato dos professores), um
grupo de manifestantes usava
apitos para encobrir o discurso
de Serra, enquanto a plateia,
em maior número, gritava o nome do governador.
Serra perguntou se ali, no público, havia alguém contra a entrega de ônibus e investimentos do governo. Em resposta,
ouviu um coro de "não".
O governador solicitava
apoio dos prefeitos para a instalação de hospitais destinados
a portadores de deficiências físicas, quando foi interrompido
por um manifestante que, de
acordo com a sua assessoria,
xingava Serra.
"Esse energúmeno é contra o
atendimento dos cegos, é contra os deficientes físicos, é contra os ônibus escolares [...]é
contra tudo e todos", reagiu o
governador, ainda segundo assessores que estavam no local.
Aplaudido pelo plateia e sob
vaias dos manifestantes, Serra
disse que estava trabalhando
ali, mas que os que protestavam
faziam "campanha" política.
O manifestante - que havia
se aproximado do palanque -
foi retirado da plateia por policiais porque, segundo a assessoria do governador, tinha desacatado Serra com ofensas.
Cheques
Antes, o governador havia
entregado cheques de R$ 900 a
moradores de São Luiz do Paraitinga, umas das cidades mais
prejudicadas pelas chuvas que
atingem o Estado.
O valor equivale a três meses
do auxílio-moradia emergencial lançado pelo governo do
Estado. Alguns moradores subiram ao palco e receberam os
cheques das mãos do governador e de secretários estaduais.
Após o evento, uma fila de
moradores foi formada na quadra de uma escola municipal.
Segundo o governo, 308 famílias serão beneficiadas.
Algumas famílias deverão receber até R$ 1.900. Isso porque
Serra lançou o programa Novo
Começo, que, além do auxílio-moradia, destinará R$ 1.000
para que famílias atingidas pelas chuvas comprem móveis e
outros objetos perdidos.
"Se depender de mim, ele será presidente", afirmou a dona
de casa Alessandra Fernandes,
33, após receber seu cheque.
Para Fernando Neves, ex-ministro do TSE, a entrega dos
cheques não configura infração
à legislação eleitoral "desde que
não haja pedido de voto". A prática se configura como "atividade de governo", diz ele.
As consequências políticas
das chuvas preocupam os tucanos e Serra. Ontem, ele disse
que ainda não sabe se viajará no
Carnaval, apesar de ter convites para ir ao Rio, a Recife e a
Salvador. O governador só visitará outros Estados caso o tempo esteja bom em São Paulo.
Serra evitou novamente falar
de política e de sua provável
candidatura, mas afirmou que
houve uma "politização" das
consequências da chuva.
"Tem muita gente jogando e
se deliciando com "o quanto
pior melhor". Mas eu não presto
atenção nisso. O importante é
trabalhar", afirmou o tucano.
"A politização, inclusive eleitoral, é natural. Eu encaro isso,
não com agrado, mas com certa
naturalidade e frieza, porque
não tem remédio", completou.
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