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AGENDA POSITIVA
Presidente defendeu igualdade de direitos em entrega de rede elétrica no maior quilombo do país, em Goiás
Povo não suporta mais mentiras, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A CAVALCANTE (GO)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em discurso improvisado
ontem numa comunidade remanescente de quilombos, em Cavalcante (GO), afirmou que "o
povo brasileiro não suporta mais
mentiras" e que o país "está subordinado àqueles que têm mais
poder de fogo".
"O Brasil precisa de homens sérios, o Brasil precisa de gente que
tenha coragem, o Brasil precisa de
gente que tenha a coragem de
olhar na cara do povo e, com a
mesma sinceridade que tem para
dizer sim, também ter para dizer
não. Porque o povo brasileiro não
suporta mais mentiras, não suporta mais que as coisas não sejam cumpridas."
Na prática, porém, o governo
encontra dificuldades para cumprir as próprias promessas. No
ano passado, por exemplo, Lula
prometeu assentar 60 mil famílias, mas cumpriu pouco mais da
metade disso (36 mil). Prometeu
também para o ano passado implantar a "Farmácia Popular",
que não saiu do papel. Das 50 unidades previstas para 2003, apenas
quatro delas devem ser entregues
no primeiro semestre deste ano.
Lula voltou a dizer que o país
não pode ter pressa. "Se não dá
para fazer dez coisas de uma só
vez, vamos fazer uma. Porque, se
a cada ano a gente fizer uma, no final de quatro anos você terá quatro coisas feitas (...) o Brasil pode e
deve ser muito melhor do que é."
Diante de ministros e integrantes da comunidade calunga, o
maior quilombo brasileiro, com
cerca de 4.000 moradores, Lula
reconheceu a desigualdade social
brasileira. "O Estado brasileiro é
um Estado que está subordinado
àqueles que têm mais poder de fogo, àqueles que conseguem audiência com o presidente, com os
governadores, com os prefeitos e,
muitas vezes, àqueles que ganham mais em detrimento dos
que ganham menos."
Ao anunciar 19 quilômetros de
rede elétrica para o quilombo dos
calungas, numa parceria com o
governador Marconi Perillo
(PSDB), também presente à cerimônia, Lula disse que o papel de
Matilde Ribeiro não é de "enfeite"
à frente da Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial. "Nós colocamos uma
negra secretária para que ela levante os problemas com os quais
vivem os negros e as negras no
Brasil, para que a gente possa começar a resolvê-los, senão não os
resolveremos nunca."
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