São Paulo, sexta, 13 de março de 1998

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SUCESSÃO
Para evitar desgastes, campanha será discreta, e visita aos Estados, só nos finais de semana, dizem assessores
FHC abandonará o estilo populista de 94

EMANUEL NERI
da Reportagem Local


Auxiliares de Fernando Henrique Cardoso já começaram a pensar a estratégia eleitoral para a campanha de reeleição do presidente. Ao contrário de 94, o mote agora é discrição e comedimento. Nada de campanha populista, em que o candidato monta em jegue, é carregado nos ombros de correligionários ou come buchada de bode diante das câmeras de TV.
Para seus auxiliares, FHC não pode correr o risco de desgastar a boa imagem que tem como presidente. Por esse motivo, prometem que a moderação estará presente em todos os momentos da campanha. O uso do avião oficial será feito com parcimônia. Poucos carros seguirão as caravanas do presidente nas visitas às cidades.
Outros pontos da estratégia de FHC para a campanha de 98:
1) Para evitar críticas sobre o uso da máquina, o presidente fará poucas viagens a partir de julho, quando começa oficialmente a campanha eleitoral. Ficará mais em Brasília, onde estará instalado seu QG eleitoral. Além da atividade presidencial, concentrará suas atenções nas gravações dos programas de rádio e TV.
2) O presidente vai priorizar as visitas aos Estados até o final de junho. Até lá, pretende viajar dois finais de semana por mês, sempre inaugurando obras. Podem ser visitados vários Estados em cada uma dessas viagens. O objetivo é visitar todos os Estados.
3) A campanha não afastará FHC da atividade governamental. O expediente diário no Planalto não sofrerá interrupções. Viagens aos Estados só nos finais de semana. Para os auxiliares, governar bem é essencial para o êxito da reeleição.
4) O objetivo é retardar ao máximo o início da campanha propriamente dita. Se dependesse dos auxiliares de FHC, a efervescência da campanha se resumiria aos 21 dias destinados à propaganda na TV.
5) FHC quer evitar problemas com a Justiça Eleitoral. Está preocupado com as notificações que tem recebido contra o uso da máquina administrativa. Para evitar novas acusações desse tipo, a legislação eleitoral está sendo lida com atenção. Auxiliares mais próximos serão afastados dos cargos para evitar qualquer tipo de conotação de uso da máquina.
6) Ao contrário de 94, quando a campanha foi coordenada por Sérgio Motta (ministro das Comunicações), a tendência agora é criar uma comissão para dividir tarefas. É a descentralização de poderes na campanha. Paulo Renato (ministro da Educação), Eduardo Jorge Caldas (secretário-geral da Presidência), senador José Serra (PSDB-SP), além de Sérgio Motta, são cotados para essas tarefas.
7) Quem quiser trabalhar na campanha sem se afastar do governo tem que fazer isso depois do expediente. Nas poucas viagens que FHC fará no período oficial da campanha, os auxiliares que o acompanharem evitarão subir no palanque eleitoral. Exceção apenas para seus seguranças.
8) Evitar a todo custo o envolvimento de FHC em conflitos de sua base de apoio nas disputas pelos governos estaduais. Não há praticamente um único Estado em que haja unidade entre os partidos que apóiam FHC.
Até São Paulo é visto como foco de dificuldades para o trânsito livre de FHC. Mas, apesar da resistência do PSDB baiano, FHC deve subir no palanque de Luís Eduardo Magalhães (PFL).



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