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SUCESSÃO
Para evitar desgastes, campanha será discreta, e visita aos Estados, só nos finais de semana, dizem assessores
FHC abandonará o estilo populista de 94
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Auxiliares de
Fernando Henrique Cardoso já
começaram a
pensar a estratégia eleitoral para a campanha
de reeleição do presidente. Ao
contrário de 94, o mote agora é
discrição e comedimento. Nada de
campanha populista, em que o
candidato monta em jegue, é carregado nos ombros de correligionários ou come buchada de bode
diante das câmeras de TV.
Para seus auxiliares, FHC não
pode correr o risco de desgastar a
boa imagem que tem como presidente. Por esse motivo, prometem
que a moderação estará presente
em todos os momentos da campanha. O uso do avião oficial será feito com parcimônia. Poucos carros
seguirão as caravanas do presidente nas visitas às cidades.
Outros pontos da estratégia de
FHC para a campanha de 98:
1) Para evitar críticas sobre o uso
da máquina, o presidente fará
poucas viagens a partir de julho,
quando começa oficialmente a
campanha eleitoral. Ficará mais
em Brasília, onde estará instalado
seu QG eleitoral. Além da atividade presidencial, concentrará suas
atenções nas gravações dos programas de rádio e TV.
2) O presidente vai priorizar as
visitas aos Estados até o final de
junho. Até lá, pretende viajar dois
finais de semana por mês, sempre
inaugurando obras. Podem ser visitados vários Estados em cada
uma dessas viagens. O objetivo é
visitar todos os Estados.
3) A campanha não afastará FHC
da atividade governamental. O expediente diário no Planalto não
sofrerá interrupções. Viagens aos
Estados só nos finais de semana.
Para os auxiliares, governar bem é
essencial para o êxito da reeleição.
4) O objetivo é retardar ao máximo o início da campanha propriamente dita. Se dependesse dos auxiliares de FHC, a efervescência da
campanha se resumiria aos 21 dias
destinados à propaganda na TV.
5) FHC quer evitar problemas
com a Justiça Eleitoral. Está preocupado com as notificações que
tem recebido contra o uso da máquina administrativa. Para evitar
novas acusações desse tipo, a legislação eleitoral está sendo lida
com atenção. Auxiliares mais próximos serão afastados dos cargos
para evitar qualquer tipo de conotação de uso da máquina.
6) Ao contrário de 94, quando a
campanha foi coordenada por
Sérgio Motta (ministro das Comunicações), a tendência agora é
criar uma comissão para dividir
tarefas. É a descentralização de
poderes na campanha. Paulo Renato (ministro da Educação),
Eduardo Jorge Caldas (secretário-geral da Presidência), senador
José Serra (PSDB-SP), além de
Sérgio Motta, são cotados para essas tarefas.
7) Quem quiser trabalhar na
campanha sem se afastar do governo tem que fazer isso depois do
expediente. Nas poucas viagens
que FHC fará no período oficial da
campanha, os auxiliares que o
acompanharem evitarão subir no
palanque eleitoral. Exceção apenas para seus seguranças.
8) Evitar a todo custo o envolvimento de FHC em conflitos de sua
base de apoio nas disputas pelos
governos estaduais. Não há praticamente um único Estado em que
haja unidade entre os partidos que
apóiam FHC.
Até São Paulo é visto como foco
de dificuldades para o trânsito livre de FHC. Mas, apesar da resistência do PSDB baiano, FHC deve
subir no palanque de Luís Eduardo Magalhães (PFL).
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