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CHOQUE DE PODERES
Idéia de comissão surge após AMB apresentar interpelação judicial contra o presidente do Congresso
ACM quer CPI para investigar Judiciário
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O Senado poderá instalar uma
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar denúncias de
corrupção e de outras irregularidades supostamente praticadas no
Poder Judiciário. A criação da CPI
está sendo articulada pelo presidente do Senado, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA).
A idéia de investigar o Judiciário
por meio de CPI surge dois após a
AMB (Associação dos Magistrados
Brasileiros) ter apresentado interpelação judicial contra ACM no
STF (Supremo Tribunal Federal).
A AMB quer que o senador explique declarações atribuídas a ele
pela revista "Época" de que há
"muita corrupção" no Judiciário.
Ao saber da interpelação, ACM
disse que teria a chance de provar a
existência de irregularidades.
Segundo senadores que conversaram com ACM, sua intenção é
transformar a possível CPI em fórum de um debate nacional sobre o
funcionamento do Judiciário, que
proponha uma reestruturação.
ACM defende a extinção de órgãos que considera "inúteis", como a Justiça do Trabalho e a Militar, e a alteração da Lei Orgânica da
Magistratura, que exige segredo de
Justiça na investigação de denúncias de irregularidades no Poder.
O presidente do Senado, segundo sua assessoria, tem recebido várias denúncias contra o Judiciário
desde que começou a defender a
extinção da Justiça do Trabalho e
da Justiça Militar, na instalação da
atual legislatura, em fevereiro.
A exceção apontada por ACM no
discurso é o STF (Supremo Tribunal Federal), que tem merecido
elogios do senador como "exemplo" para os demais tribunais.
O PFL também estaria recebendo
denúncias "aos borbotões", segundo o deputado José Carlos Aleluia (BA), que disse que apresentará emenda constitucional acabando com a Justiça do Trabalho.
O principal alvo de ACM tem sido a Justiça do Trabalho, que ele
classifica como "anacrônica" e
"inútil". Por disso, enfrentou, recentemente, um bate-boca público
com o vice-presidente do TST
(Tribunal Superior do Trabalho),
Almir Pazzianotto.
O ministro do TST chegou a
questionar o equilíbrio emocional
de ACM, atribuindo seu comportamento às "tragédias pessoais"
que sofreu. Em resposta, o senador
acusou Pazzianotto de ser "incompetente" e de não ter caráter.
Máquina
ACM defendeu ontem, em Salvador, a extinção de ministérios, secretarias e cargos públicos como
forma de o governo federal enxugar a máquina administrativa.
""Sou favorável a tudo o que for necessário para enxugar a máquina
administrativa", disse, após participar da solenidade de posse do
novo arcebispo de Salvador, d. Geraldo Majella Agnelo, anteontem.
ACM voltou a pedir novamente a
extinção ""de tribunais desnecessários que gastam R$ 3 bilhões por
ano para não fazer nada".
Para ACM, os resultados das pesquisas que apontaram queda nos
índices de popularidade de FHC
são normais. ""Isso acontece. A
economia não vai bem e a popularidade do presidente cai."
Segundo o senador, nos próximos 60 ou 90 dias FHC conseguirá
uma avaliação melhor. Para ACM,
o presidente ""precisa atender alguns anseios da comunidade". ""E
ele vai atender, mas, para isso, ele
tem que melhorar a economia".
ACM voltou a criticar também a
decisão do governador de Minas,
Itamar Franco (PMDB), de não se
encontrar com FHC. ""Ele quer
apenas dar uma aparência de luta
para justificar o seu fracasso como
administrador em Minas."
Sobre o novo arcebispo de Salvador, d. Geraldo, o senador disse
que ele chegou à Bahia ""como
baiano". ""Ele fez uma homilia notável, defendendo o sincretismo
religioso e o ecumenismo."
Colaborou a Agência
Folha, em Salvador
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