São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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Incra não sabe se as propriedades invadidas são ou não produtivas

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A assessoria de imprensa do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou ontem que não possui um levantamento que mostre a relação entre fazendas invadidas e seus índices de produtividade. Um levantamento a respeito será realizado a partir dos imóveis rurais já vistoriados pela autarquia.
O Incra utiliza dois critérios técnicos para determinar se uma área é produtiva ou não. Esses critérios são determinados pela lei nš 8.629/93. Com base nesses critérios, o Incra dá início ao processo de desapropriação da área.
Segundo a legislação, as propriedades rurais devem ter um GUT (grau de utilização da terra) superior a 80%. Ou seja, mais de 80% da área da propriedade deve estar sendo utilizada para alguma atividade produtiva no momento da vistoria dos técnicos do Incra.
O segundo critério é o GEE (grau de eficiência da exploração da terra). O Incra tem índices de produção para cada região do país e para cada tipo de cultura. Por exemplo, a produção mínima de soja deve ser de 1,9 tonelada/ hectare em São Paulo e Paraná, de 1,4 tonelada/hectare na região Sul (exceto PR) e de 1,2 tonelada/hectare no resto do país.
Segundo o superintendente na Bahia, Marcelino Galo, os índices do GEE são nacionais e vigoram desde 1975 sem atualização. Para a pecuária, segundo Galo, o Brasil é dividido pelo instituto em zonas pecuárias com as capacidades de produção que levam em conta as características de cada região.
As superintendências do Incra em Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não souberam informar se as áreas invadidas pelo MST, desde 27 de março, quando teve início a "jornada de luta", são produtivas ou não. Apenas o Incra da Bahia tinha essas informações sobre as áreas invadidas no Estado.
O Incra faz vistorias em áreas mediante denúncias ou se considerar que a área pode estar improdutiva. O instituto classifica as propriedades baseado em declarações feitas pelos proprietários.
A declaração dos proprietários deve ser atualizada a cada dois anos. "O dado cadastral é declaratório, podendo ter uma informação que na prática é outra coisa", disse o superintendente de Sergipe, Carlos Antonio Fontenele.
O superintendente em Pernambuco, João Farias, disse que se baseia nessas declarações para a primeira classificação. "De acordo com o formulário, ela [a área] será classificada." Segundo Farias, "levaria no mínimo uma semana" somente para determinar se as áreas invadidas até agora em Pernambuco foram declaradas produtivas pelos proprietários.
Já na Bahia, segundo o superintendente do Incra, das três áreas invadidas no Estado desde 27 de março, apenas uma foi dada como improdutiva em uma vistoria feita pelo instituto.
A fazenda Nossa Senhora do Socorro, em Santo Amaro, foi vistoriada em 2002. O proprietário conseguiu, por meio de uma ação cautelar, suspender o processo.
No dia 2 de abril, em Coqueiros do Sul (norte do RS), o MST invadiu a fazenda Guerra, de 7.000 ha. Segundo os proprietários, a fazenda é produtiva. O Incra diz não ter dados atuais da área.


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