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CAMPO MINADO
Governador diz que invasões do MST atrapalham setor agroexportador
Para Alckmin, ações agravam "anemia econômica" do país
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que
as invasões feitas pelos sem-terra
dificultam ao país sair do que chamou de "anemia econômica".
Ao censurar ontem a atuação do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cujas invasões classificou de "inaceitáveis", o governador aproveitou
para emendar uma crítica à política econômica do governo petista.
Disse que as ações dos sem-terra
pelo país "acirram os ânimos" no
campo e, dessa forma, atrapalham o setor agroexportador,
"fundamental", segundo ele, para
"irrigar" a economia brasileira.
"Acho que nós precisamos de
paz, e o setor do campo é o que
tem trazido mais boa notícia para
o Brasil: exportação, agronegócio,
geração de emprego, irrigação da
economia. É o setor fundamental
hoje para o país poder sair desta
dificuldade de anemia econômica
que o Brasil tem vivido", afirmou.
Em 2003, o tucano trocou farpas
com o governo federal sobre as
ações dos sem-terra. Disse que o
PT estimulava as invasões em São
Paulo. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou que o PSDB
já poderia ter resolvido o problema no Estado. "No Pontal do Paranapanema, existe conflito desde
82. Em São Paulo, o PSDB governa há mais de dez anos. Portanto,
já poderia ter cuidado disso."
O governador fez o comentário
de ontem em resposta ao início
das ações do MST em São Paulo
neste mês, classificado pelo movimento de "abril vermelho", período em que prometeram intensificar as invasões de terra pelo país.
O Pontal tem a maior extensão
de terras consideradas devolutas e
é o principal foco de conflito agrário no Estado. Desde a madrugada de ontem, haviam sido invadidas 12 fazendas em São Paulo, três
delas no Pontal, extremo oeste.
Para Alckmin, os sem-terra, ao
invadirem, deixam de lutar por
uma "bandeira correta" e passam
a tomar atitudes que disse serem
"inaceitáveis". Usou, de novo, um
discurso duro para falar do tema:
"Em São Paulo, invadiu, vai desinvadir. Se queremos democracia, temos de respeitar a lei".
O secretário da Justiça de São
Paulo, Alexandre de Moraes, disse que as invasões só atrapalham
o processo de reforma agrária.
Em nota, a secretaria informou
que as famílias que invadiram no
Pontal não têm os requisitos para
serem assentadas em áreas do Estado -morar há pelo menos dois
anos na região e ter vocação agrícola.
(JULIA DUAILIBI E SÍLVIA FREIRE)
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