São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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CAMPO MINADO

Governador diz que invasões do MST atrapalham setor agroexportador

Para Alckmin, ações agravam "anemia econômica" do país

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que as invasões feitas pelos sem-terra dificultam ao país sair do que chamou de "anemia econômica".
Ao censurar ontem a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cujas invasões classificou de "inaceitáveis", o governador aproveitou para emendar uma crítica à política econômica do governo petista. Disse que as ações dos sem-terra pelo país "acirram os ânimos" no campo e, dessa forma, atrapalham o setor agroexportador, "fundamental", segundo ele, para "irrigar" a economia brasileira.
"Acho que nós precisamos de paz, e o setor do campo é o que tem trazido mais boa notícia para o Brasil: exportação, agronegócio, geração de emprego, irrigação da economia. É o setor fundamental hoje para o país poder sair desta dificuldade de anemia econômica que o Brasil tem vivido", afirmou.
Em 2003, o tucano trocou farpas com o governo federal sobre as ações dos sem-terra. Disse que o PT estimulava as invasões em São Paulo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o PSDB já poderia ter resolvido o problema no Estado. "No Pontal do Paranapanema, existe conflito desde 82. Em São Paulo, o PSDB governa há mais de dez anos. Portanto, já poderia ter cuidado disso."
O governador fez o comentário de ontem em resposta ao início das ações do MST em São Paulo neste mês, classificado pelo movimento de "abril vermelho", período em que prometeram intensificar as invasões de terra pelo país.
O Pontal tem a maior extensão de terras consideradas devolutas e é o principal foco de conflito agrário no Estado. Desde a madrugada de ontem, haviam sido invadidas 12 fazendas em São Paulo, três delas no Pontal, extremo oeste.
Para Alckmin, os sem-terra, ao invadirem, deixam de lutar por uma "bandeira correta" e passam a tomar atitudes que disse serem "inaceitáveis". Usou, de novo, um discurso duro para falar do tema: "Em São Paulo, invadiu, vai desinvadir. Se queremos democracia, temos de respeitar a lei".
O secretário da Justiça de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que as invasões só atrapalham o processo de reforma agrária.
Em nota, a secretaria informou que as famílias que invadiram no Pontal não têm os requisitos para serem assentadas em áreas do Estado -morar há pelo menos dois anos na região e ter vocação agrícola. (JULIA DUAILIBI E SÍLVIA FREIRE)

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