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MENSALÃO/ CONCLUSÕES
Relatório não traz provas novas sobre a
ligação do ex-ministro com o mensalão
Denúncia da Procuradoria contra Dirceu só repete CPI
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A parte da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República Antonio Fernando de
Souza referente ao papel do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil)
no esquema do mensalão nada
acrescentou em relação ao já descoberto pela CPI dos Correios.
Pelos dados apresentados na
denúncia, Dirceu, assim como os
demais 39 acusados, não foram
submetidos à escuta telefônica
pela Polícia Federal. Não consta
na denúncia que o procurador tenha requisitado as interceptações
ao Supremo Tribunal Federal.
Embora acusado de chefiar
"uma quadrilha", o ex-ministro,
além de não ter suas conversas
grampeadas, não teve contra seus
endereços de trabalho e pessoal
nenhuma operação de busca e
apreensão da PF.
Os computadores de trabalho
de Dirceu não foram apreendidos
ou lacrados na Casa Civil ou em
sua casa, em São Paulo, para uma
perícia. Os rastros da atuação da
suposta "quadrilha" -como
agendas extra-oficiais e arquivos
pessoais- poderiam constar dos
equipamentos.
Para acusar Dirceu, o inquérito
do procurador-geral valeu-se de
indícios que já integram o rol de
documentos da CPI: o depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), as benesses do banco BMG obtidas pela ex-mulher
de Dirceu, Maria Ângela Zaragoça (um emprego no banco e empréstimo para adquirir um apartamento) e as audiências na Casa
Civil conseguidas pelo publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.
Esses elementos levaram o procurador-geral a fazer um juízo sobre o papel de Dirceu no esquema. A exemplo do relatório da
CPI assinado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o procurador concluiu que seria impossível ocorrer um esquema de
cooptação de parlamentares da
base aliada nessa dimensão sem a
participação e conhecimento de
Dirceu.
"É certo que José Dirceu, então
ocupante da importante chefia da
Casa Civil, em razão da força política e administrativa de que era
detentor, competindo-lhe a decisão final sobre a indicação de cargos e funções estratégicas na administração pública federal, foi o
principal articulador dessa engrenagem, garantindo-lhe a habitualidade e o sucesso", diz a denúncia
de Souza.
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