São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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MENSALÃO/ CONCLUSÕES

Relatório não traz provas novas sobre a ligação do ex-ministro com o mensalão

Denúncia da Procuradoria contra Dirceu só repete CPI

RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A parte da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza referente ao papel do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) no esquema do mensalão nada acrescentou em relação ao já descoberto pela CPI dos Correios.
Pelos dados apresentados na denúncia, Dirceu, assim como os demais 39 acusados, não foram submetidos à escuta telefônica pela Polícia Federal. Não consta na denúncia que o procurador tenha requisitado as interceptações ao Supremo Tribunal Federal.
Embora acusado de chefiar "uma quadrilha", o ex-ministro, além de não ter suas conversas grampeadas, não teve contra seus endereços de trabalho e pessoal nenhuma operação de busca e apreensão da PF.
Os computadores de trabalho de Dirceu não foram apreendidos ou lacrados na Casa Civil ou em sua casa, em São Paulo, para uma perícia. Os rastros da atuação da suposta "quadrilha" -como agendas extra-oficiais e arquivos pessoais- poderiam constar dos equipamentos.
Para acusar Dirceu, o inquérito do procurador-geral valeu-se de indícios que já integram o rol de documentos da CPI: o depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), as benesses do banco BMG obtidas pela ex-mulher de Dirceu, Maria Ângela Zaragoça (um emprego no banco e empréstimo para adquirir um apartamento) e as audiências na Casa Civil conseguidas pelo publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.
Esses elementos levaram o procurador-geral a fazer um juízo sobre o papel de Dirceu no esquema. A exemplo do relatório da CPI assinado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o procurador concluiu que seria impossível ocorrer um esquema de cooptação de parlamentares da base aliada nessa dimensão sem a participação e conhecimento de Dirceu.
"É certo que José Dirceu, então ocupante da importante chefia da Casa Civil, em razão da força política e administrativa de que era detentor, competindo-lhe a decisão final sobre a indicação de cargos e funções estratégicas na administração pública federal, foi o principal articulador dessa engrenagem, garantindo-lhe a habitualidade e o sucesso", diz a denúncia de Souza.


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