São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ SÃO PAULO

Presidente prefere que candidato do PT ao governo de SP seja Mercadante, que ontem recebeu apoio de João Paulo

Lula quer que Marta desista de prévia

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou a interlocutores que está disposto a convencer a ex-prefeita Marta Suplicy a desistir de disputar a prévia do dia 7 de maio em que será definido o candidato do PT ao governo de São Paulo.
A Folha apurou que Lula pretende oferecer a Marta uma das seguintes opções em troca da desistência: compromisso formal do PT para disputar a prefeitura em 2008; um cargo chave na coordenação da campanha presidencial em São Paulo; ou um ministério de destaque caso seja reeleito.
O presidente declara abertamente que considera o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, o candidato mais preparado para a disputa com o tucano José Serra.
Marta não cogita desistir. Em evento realizado na terça-feira, em São Bernardo, ela reagiu com irritação após o presidente do Sindicato de Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijó, enfatizar que a maioria do movimento sindical apóia Mercadante e sugerir que ela disputasse uma vaga na Câmara dos Deputados.
Com a interferência direta de Lula, Mercadante conseguiu ontem o apoio formal do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e de todos os dirigentes petistas da região de Osasco. Um ato público de apoio a Mercadante foi realizado em um hotel da capital.
A ex-prefeita, que venceria a disputa interna na capital, contava com os votos de Osasco -13.593 filiados- para superar a vantagem do senador no interior. A previsão da direção estadual do PT é que estarão aptos a votar nas prévias 194.140 filiados.
Apesar do simbolismo político, o constrangimento de João Paulo em declarar apoio ao senador era evidente. Houve cumprimentos secos entre os dois. O deputado tem rivalidades políticas com Mercadante desde a época em que tentou articular a própria reeleição à presidência da Câmara.
Quatro quilos mais magro e abatido, João Paulo fez um mea-culpa e se defendeu durante o ato pró-Mercadante, um dia depois de o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ter oferecido ao STF denúncia contra 40 envolvidos no escândalo do mensalão, entre elas o ex-presidente da Câmara. "Sei que não é agradável, me constrange muito, mas tenho que enfrentar. Já fui absolvido pela Câmara e estou muito seguro de que serei absolvido pela Justiça", disse João Paulo. Ele anunciou que será candidato a deputado federal.
A declaração do apoio de João Paulo e do grupo petista de Osasco a Mercadante foi negociada ao longo dos últimos seis dias. No dia da inauguração da Universidade Federal de Guarulhos, na semana passada, Lula disse a prefeitos presentes, entre eles o de Osasco, que deviam apoiar publicamente Mercadante. Na segunda-feira, João Paulo e Lula conversaram durante vôo de São Paulo para Brasília e o presidente cobrou o apoio ao senador. No mesmo dia, horas mais tarde, João Paulo telefonou para Mercadante a anunciou a decisão de apoiá-lo. Conversou, em seguida, com Marta Suplicy para justificar a decisão. Hoje, Mercadante viaja com Lula para o interior de São Paulo. Ambos analisam a temperatura política e o melhor momento para a conversa decisiva com Marta.


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