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Alunos da UnB impõem ritmo em reitoria
Estudantes dividem prédio para desenvolver atividades; fora do movimento, vida acadêmica segue normal
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma semana de invasão
da reitoria da Universidade de
Brasília, os estudantes passaram da descoberta do espaço ao
controle total do prédio. Controle físico e de movimentos.
"Olha, você pode fotografar
só nessa direção. Vou fechar a
persiana para ter certeza de
que você não vai fotografar para o outro lado." Esse foi o tom
do guia, aluno de música que
não se identificou, que levou a
reportagem da Folha até o último andar da reitoria invadida,
na sexta. O objetivo era ver
uma aula de canto coral dada
no local por um professor simpatizante do movimento.
A reportagem não pôde entrar no gabinete do reitor.
Enquanto o grupo de alunos
ensaiava "Paraíba Masculina",
de Luiz Gonzaga, a reportagem
pôde olhar melhor o auditório
da reitoria, que serve de espaço
para aulas. E agora se chama
"auditório e sala de leitura", segundo um papel na porta.
Leitura crítica, pelo que se
via dos exemplares organizados no chão. Mafalda (personagem de Quino), Friedrich
Nietzsche e revistas velhas.
Mas há quem prefira estudar,
no "cantinho do silêncio, inspiração e reflexão".
Na descida até o único local
permitido para quem não tem
carteira de estudante da UnB, o
térreo, era possível ver 17 barracas. Não havia bagunça.
No térreo, o clima é sempre
animado. E diversificado. Na
mesma sexta, havia uma roda
que tratava de espiritualidade.
Ao lado, um grupo mais exaltado cantava o sucesso "Créu".
As atividades são desenvolvidas entre cartazes feitos por
eles. O mais popular é uma figura que mistura a imagem do
reitor licenciado, Timothy Mulholland, com Adolf Hitler, que
virou estampa de camiseta.
Todos os dias, uma comissão
designada afixa a programação
diária. A de sexta incluía debate
sobre vegetarianismo e uma
"oficina de mandala de energia
corporal contra repressão".
Frutas, quentinhas e água
são carregadas freqüentemente para o prédio e partilhadas.
Essa movimentação parece
algo distante para grande parte
da comunidade acadêmica. As
aulas continuam em seu ritmo
normal. Pelos corredores, fala-se da situação sempre com defasagem de tempo, já que a
maioria fica sabendo dos acontecimentos pelo noticiário.
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