São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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Quem acha que autorizei aumento de juros está louco, diz Lula em Praga

Um dia antes, ele afirmara que aumento da taxa não traria "qualquer transtorno" à economia brasileira

Na visita à República Tcheca, presidente assinou acordos de cooperação econômica, discutiu criação de comissão bilateral e falou de futebol

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A PRAGA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem ter dado aval a um aumento dos juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontece na terça e na quarta-feira desta semana.
Após uma tumultuada caminhada pela ponte Carlos, a mais famosa de Praga, ele foi interpelado por jornalistas: "Tem gente achando que o senhor disse ontem [sexta] que os juros podem subir". Lula rebateu: "Quem acha isso está louco".
Diante do pedido para esclarecer o que pensa dos juros, Lula não quis se estender. "O que eu falei está esclarecido", disse, no fim da visita a Praga. "Quem tem que esclarecer é quem pensou diferente do que eu falei."
Na sexta-feira, em visita a Haia (Holanda), Lula afirmara que a economia não seria afetada por uma ligeira mudança nos juros. "Não será nem a redução de 0,25%, nem a manutenção de 11,25% [taxa atual], nem o aumento de 0,25% que trará qualquer transtorno à economia brasileira."
Ao lado do presidente tcheco, Václav Klaus, Lula exaltou o desempenho da economia brasileira e defendeu uma maior aproximação entre os dois países. "A economia voltou a crescer, a indústria voltou a crescer e o Estado voltou a investir", disse Lula, que convidou Klaus a visitar o Brasil, prometendo que ele verá um país "muito diferente" daquele que visitou em 1994, como premiê.
Lula não resistiu a fazer uma brincadeira sobre futebol. "Espero que a República Tcheca se classifique para a Copa de 2014, no Brasil", disse, acrescentando que torce para o mesmo desfecho de 62. "É bom que jogue a final com o Brasil, mas que o Brasil fique em primeiro."
A visita foi marcada pela assinatura de um acordo econômico, uma intensa programação e o visível cansaço de Lula, que desembarcou em Praga na sexta à noite, após dois dias na Holanda. No castelo de Praga, sede do governo, os dois países assinaram um acordo de cooperação econômica, comercial e industrial. Decidiu-se criar uma comissão bilateral para estudar as oportunidades de investimentos entre os países, cujo intercâmbio comercial em 2007 foi tímido, de US$ 335 milhões.
O chanceler Celso Amorim disse que os tchecos estão interessados em comprar mais aviões da Embraer e que o Brasil busca atrair investimentos para projetos do PAC, como no setor ferroviário.
Segundo a Folha apurou, Lula buscou obter de Klaus apoio à iniciativa brasileira de transformar o álcool em commodity. O momento é sensível, após a Alemanha desistir de adicionar 10% de etanol à gasolina.


Colaborou a Reportagem Local


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