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Quem acha que autorizei aumento de juros está louco, diz Lula em Praga
Um dia antes, ele afirmara que aumento da taxa não traria "qualquer transtorno" à economia brasileira
Na visita à República Tcheca, presidente assinou acordos de cooperação econômica, discutiu criação de comissão bilateral e falou de futebol
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A PRAGA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem ter dado aval a um aumento dos juros
na próxima reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária), que acontece na terça e na
quarta-feira desta semana.
Após uma tumultuada caminhada pela ponte Carlos, a mais
famosa de Praga, ele foi interpelado por jornalistas: "Tem
gente achando que o senhor
disse ontem [sexta] que os juros podem subir". Lula rebateu:
"Quem acha isso está louco".
Diante do pedido para esclarecer o que pensa dos juros, Lula não quis se estender. "O que
eu falei está esclarecido", disse,
no fim da visita a Praga. "Quem
tem que esclarecer é quem pensou diferente do que eu falei."
Na sexta-feira, em visita a
Haia (Holanda), Lula afirmara
que a economia não seria afetada por uma ligeira mudança
nos juros. "Não será nem a redução de 0,25%, nem a manutenção de 11,25% [taxa atual],
nem o aumento de 0,25% que
trará qualquer transtorno à
economia brasileira."
Ao lado do presidente tcheco,
Václav Klaus, Lula exaltou o desempenho da economia brasileira e defendeu uma maior
aproximação entre os dois países. "A economia voltou a crescer, a indústria voltou a crescer
e o Estado voltou a investir",
disse Lula, que convidou Klaus
a visitar o Brasil, prometendo
que ele verá um país "muito diferente" daquele que visitou
em 1994, como premiê.
Lula não resistiu a fazer uma
brincadeira sobre futebol. "Espero que a República Tcheca se
classifique para a Copa de 2014,
no Brasil", disse, acrescentando que torce para o mesmo desfecho de 62. "É bom que jogue a
final com o Brasil, mas que o
Brasil fique em primeiro."
A visita foi marcada pela assinatura de um acordo econômico, uma intensa programação e
o visível cansaço de Lula, que
desembarcou em Praga na sexta à noite, após dois dias na Holanda. No castelo de Praga, sede
do governo, os dois países assinaram um acordo de cooperação econômica, comercial e industrial. Decidiu-se criar uma
comissão bilateral para estudar
as oportunidades de investimentos entre os países, cujo intercâmbio comercial em 2007
foi tímido, de US$ 335 milhões.
O chanceler Celso Amorim
disse que os tchecos estão interessados em comprar mais
aviões da Embraer e que o Brasil busca atrair investimentos
para projetos do PAC, como no
setor ferroviário.
Segundo a Folha apurou, Lula buscou obter de Klaus apoio
à iniciativa brasileira de transformar o álcool em commodity.
O momento é sensível, após a
Alemanha desistir de adicionar
10% de etanol à gasolina.
Colaborou a Reportagem Local
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