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PT X PT
Em ação dirigida pelo Planalto, Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro devem ser expulsos após parecer de comissão
PT abre processo para punir três radicais
PLÍNIO FRAGA
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em ação estimulada diretamente pelo Palácio do Planalto, o
PT aprovou ontem -por 13 votos a 7- a instauração de processo disciplinar que deve levar à expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados federais
João Batista Oliveira de Araújo, o
Babá (PA), e Luciana Genro (RS).
A representação que pede a
abertura do processo disciplinar
contra os três parlamentares foi
apresentada à Comissão Executiva Nacional do PT pelo secretário
de Organização, Sílvio Pereira,
braço operacional do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
em reunião de cerca de seis horas.
"Os companheiros foram longe
demais. O PT é a espinha dorsal
do governo Lula e não pode transferir uma crise interna para ele.
Críticas e divergências são normais, mas os três fizeram atos de
oposição sistemática. São a principal oposição ao governo Lula",
justificou o presidente nacional
do partido, José Genoino.
"É um escândalo", reagiu Heloísa Helena, 40, filiada ao PT há 23
anos. "Querem nos punir por delito de opinião", acusou Luciana
Genro, 32, militante desde 1985 e
filha do ministro Tarso Genro
(Conselho do Desenvolvimento
Econômico e Social). "É uma
afronta à democracia partidária",
disse Babá, 49, petista há 22 anos.
Formalmente, a Comissão de
Ética e Disciplina, presidida por
Danilo de Camargo (secretário de
Finanças do PT-SP), tem 30 dias,
prorrogáveis por mais 30, para
ouvir os parlamentares e elaborar
um parecer sobre a conduta dos
três. Com cinco membros (quatro
do chamado campo majoritário
petista e um da esquerda), a comissão pode propor absolvição
ou um dos nove tipos de punição
previstos no estatuto do PT.
As penas estabelecidas vão da
advertência reservada, a mais
branda, à expulsão, a mais severa
e tida hoje como mais provável
pela cúpula petista no caso dos
três parlamentares.
O parecer da comissão precisa
ser aprovado pela maioria dos 82
membros do Diretório Nacional
do PT. O chamado campo majoritário petista -que reúne a Articulação e as tendências do centro
e da direita do partido- detém
70% do diretório, com tendência
hoje para punir os três em defesa
da aprovação das reformas tributária e previdenciária em tramitação no Congresso.
Em documento de 11 páginas, o
secretário Sílvio Pereira afirma
que a representação contra os
parlamentares se justifica "não
apenas" por suas declarações públicas, mas por atos que estariam
"expondo o partido e seus dirigentes de forma bastante negativa
na mídia", "atrapalhando a governabilidade".
"Não apenas estão realizando
reuniões, mas continuam, até o
presente momento, em articulações com lideranças e dirigentes
de outros partidos que vêm se posicionando claramente como
contrários à atuação do PT e do
governo federal", afirma Pereira
em sua representação.
O secretário de Organização do
PT aponta como comportamento
inadequado até a presença dos
parlamentares em atos organizados. "Nas últimas semanas, têm
participado de atividades, com
discursos e declarações bastante
hostis ao partido e ao governo,
além de participarem na organização de atos públicos, para manifestações contrárias aos projetos apresentados pelo governo".
José Genoino insistiu em dizer
que não havia uma proposta de
punição por crime de opinião,
mas sim por atos. Citou que Heloísa Helena não votou na aprovação do nome do presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, nem na eleição do presidente
do Senado, José Sarney, como
aprovado na bancada do partido.
Disse que Babá liderou manifestações contra as propostas de reforma do governo e fez ataques
diretos a Lula, inclusive com vaias
ao presidente no dia da entrega
dos projetos ao Congresso.
Segundo Genoino, Luciana Genro é reincidente no descumprimento de decisões partidárias.
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