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OPERAÇÃO SOCIAL
Proposta do presidente para financiar fundo de combate à fome deve ser apresentada em reunião do G-8
Contra a fome, Lula quer taxa sobre venda de armas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva estuda levar à próxima
reunião do G-8 (grupo dos sete
países mais ricos do mundo, além
da Rússia), no início de junho,
proposta de formação de um fundo internacional de combate à fome que seria financiado com 50%
do serviço da dívida externa de
países pobres além de mais 1% do
total movimentado pelo comércio internacional de armas.
O fundo poderia ser administrado pela ONU. O Planalto ainda
estuda uma outra opção, mais
modesta: que o fundo seja composto apenas por títulos da dívida
dos países mais pobres. Essa proposta excluiria o Brasil e beneficiaria pequenos países africanos.
Lula participará como convidado do encontro, que se realiza na
cidade francesa de Evian. A informação foi dada pelo presidente a
representantes de igrejas que se
encontraram com ele no Palácio
do Planalto, ontem à tarde, e relatada, à saída do encontro, pelo secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o pastor luterano alemão Konrad Raiser.
O CMI reúne igrejas consideradas "evangélicas históricas" em
todo o mundo: luteranas, anglicanas, metodistas, presbiterianas,
entre outras. Participaram também do encontro o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do
Brasil) e a CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil).
A assessoria de imprensa da
Presidência da República confirmou que as propostas foram
mencionadas por Lula no encontro, mas que, até o momento, são
"alternativas estudadas" para o
projeto final que será levado.
Raiser relatou apenas que a proposta estudada por Lula é que a
parcela do serviço da dívida (juros sobre a dívida externa) a ser
destinada ao combate à pobreza
seja antes convertida em títulos.
"Em vez de pagar essa dívida
para os países credores, isso seria
transformado em títulos. Esses títulos, por sua vez, seriam recomprados pelos países credores e então se criaria um fundo que seria
administrado pela ONU ou por
outra entidade internacional",
afirmou o alemão.
Lula não especificou na conversa se os recursos para o combate à
fome seriam exclusivamente destinados a países considerados pobres pela ONU, ou se o critério seria mais amplo.
Também não ficou claro se a dívida externa seria apenas com
países ricos ou referente a instituições como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), nem quanto
poderia ser arrecadado anualmente pelo fundo.
Na conversa, Lula omitiu uma
proposta historicamente defendida por economistas do PT, a "taxa
Tobin", idealizada pelo economista norte-americano James Tobin. A idéia seria taxar em 1% a
movimentação mundial de capital especulativo, para criar fundo
de combate à pobreza.
Convite
O Conselho Mundial de Igrejas
convidou Lula a participar da assembléia mundial da instituição
em 2006, que ocorrerá no Brasil.
Os líderes religiosos também
entregaram uma carta ao presidente apoiando as reformas e o
combate à fome no país.
"Colocamo-nos à disposição de
Vossa Excelência como interlocutores solidários, ainda que também no uso da liberdade evangélica crítica quando essa for a contribuição necessária", declara a
carta dos religiosos.
(FÁBIO ZANINI)
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