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Adesão do PMDB deve ser maciça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O rolo compressor do governo
para cooptar o PMDB está funcionando. A oposição ao Planalto deve ficar restrita a, no máximo, 15
deputados federais. Mesmo com
dissidências, as bancadas da Câmara e do Senado se reúnem hoje
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva em clima de aliança.
Dos 21 senadores, a maioria está
com Lula. Na semana passada, o
ministro José Dirceu (Casa Civil)
deu cargos a senadores e seus indicados em estatais e no próprio
Congresso. Já a bancada de 68 deputados federais ainda apresenta
a rebeldia de cerca de 15.
A bancada da Câmara deverá
ser "trabalhada" até o momento
de o governo votar as reformas, o
que, na melhor das hipóteses, deve acontecer a partir de agosto.
Até lá, o varejo político (verbas e
cargos de segundo e terceiro escalões) priorizará a Câmara.
Partido fracionado, o PMDB
nunca viria em bloco para o governo. Fernando Henrique Cardoso construiu um apoio de 70%
da sigla ao longo do mandato. Lula adotou o mesmo processo, mas
sem oferecer de imediato um ministério. No almoço de hoje, ele
deverá, ainda que indiretamente,
deixar claro que o partido terá
uma pasta até dezembro.
Geddel atira
Na véspera do almoço da bancada com Lula, o deputado Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA), que foi
líder do partido na Câmara nos
últimos seis anos, bombardeou a
decisão da maioria do PMDB de
apoiar o governo federal. "Quem
vai para o governo não é ideológico, é fisiológico. O meu apoio às
reformas não está vinculado a
cargos e benesses", disse.
Questionado se trocaria o
PMDB pelo PSDB, afirmou: "Estou bem no PMDB. O Renan [Calheiros] foi do PRN [partido do
ex-presidente Fernando Collor],
o Sarney [José Sarney, presidente
do Senado] foi do PDS [partido
que apoiou o regime militar], mas
eu sempre estive no PMDB".
A maioria peemedebista pró-Lula já planeja tirar os oposicionistas do controle da sigla. Ontem, estava prevista conversa entre Dirceu e o presidente do partido, o deputado federal Michel Temer (SP). O Planalto quer compor
com Temer, mas, se ele resistir,
deve apoiar a manobra de Sarney .
Sarney defendeu ontem que a
presidência do PMDB convoque
uma convenção extraordinária
para decidir se o partido deve participar do governo. Segundo ele, o
PMDB já vem dando ao governo
"apoio político" no Congresso,
mas falta o partido decidir, institucionalmente, fazer parte da base aliada.
Geddel é contra uma convenção
agora. "As decisões das convenções do PMDB nunca foram acatadas."
(KENNEDY ALENCAR, LUCIO VAZ E RAQUEL ULHÔA)
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