São Paulo, quarta, 13 de maio de 1998

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SUCESSÃO
'A frente está fechada', afirma Leonel Brizola, candidato a vice-presidente na chapa de Lula, depois de encontro realizado em São Paulo
Partidos de esquerda fecham apoio a Lula

Niels Andreas/Folha Imagem
Leonel Brizola, possível candidato a vice-presidente na chapa de Lula, com José Dirceu, presidente do PT


CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local


A esquerda chegou a um consenso e Luiz Inácio Lula da Silva vai disputar a Presidência da República com o apoio de PT, PDT, PSB e PC do B. A definição saiu ontem em reunião entre as direções das quatro legendas em São Paulo.
"A frente está formada e agora é pôr a campanha na rua", afirmou Leonel Brizola (PDT), que deve ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula.
A cúpula do PT conseguiu o que queria na reunião de ontem, conforme a Folha antecipou na edição de segunda-feira: tornar a frente um fato consumado, até para impedir que seja ressuscitada a candidatura de Vladimir Palmeira (PT) ao governo fluminense.
No último sábado, o Diretório Nacional do PT decidiu retirar a candidatura de Palmeira, como exigiam Lula e Brizola para consolidar a chapa nacional.
Sintomaticamente, a frente agendou para sábado, na cidade fluminense de São Gonçalo, a primeira atividade de rua conjunta de Lula e Brizola depois de fechado o acordo entre os dois partidos. São Gonçalo é administrada em coligação entre PDT e PT.
"Reafirmamos o princípio sobre a prioridade nacional na escolha dos candidatos que vão disputar governos estaduais", afirmou José Dirceu, presidente do PT.
O imbróglio fluminense terá a palavra final na convenção nacional do PT, mas a tendência hegemônica é ratificar a decisão de sábado.
Na terça-feira, as direções dos quatro partidos vão se encontrar no Rio para dar o sim à candidatura de Anthony Garotinho (PDT) ao governo daquele Estado.
Brizola admitiu que o setor do PT fluminense ligado a Palmeira permanece refratário a Garotinho, mas tentou minimizar o fato. "O desafio é tratar de cicatrizar as feridas e encontrar formas de estancar essas sangrias", declarou.
Dirceu fez uma ameaça aos petistas fluminenses que se recusarem a fazer a campanha de Garotinho: "No PT, todos têm o dever de participar das campanhas do partido", disse.

Conflitos
Olívio Dutra, pré-candidato do PT ao governo gaúcho, participou da reunião de ontem.
Apesar de não declararem oficialmente, os caciques petistas querem que, em troca do sacrifício de Palmeira, o PDT volte atrás no lançamento da senadora Emília Fernandes ao governo do Rio Grande do Sul.
Brizola disse que não vê possibilidade de dar o sim a Dutra. "Não tivemos condições de segurar o apoio a Olívio depois da surpresa do Rio, mas vai haver um clima de cooperação entre PDT e PT no Rio Grande do Sul", afirmou.
Apesar da declaração, que foi endossada por Dirceu, o PT vai insistir no cumprimento do acordo inicial, que estabelecia o aval do PDT a Dutra.
O Rio Grande do Sul, no entanto, não é o único nó estadual nas relações entre PT e PDT. Além do Rio, que ainda depende da votação de um recurso da ala de Palmeira na convenção petista dos dias 23 e 24 de maio, persiste a indefinição na Bahia.
Brizola quer o apoio petista a João Durval (PDT) na sucessão baiana, mas o PT deve lançar o deputado Jaques Wagner.
Para facilitar o entendimento com Lula, Brizola voltou atrás na defesa que fazia da tese de revisão das privatizações já feitas pelo governo, caso Lula chegue ao Planalto. Agora, o pedetista prega a realização de auditorias para investigar as privatizações.



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