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DEPOIMENTO
Itamar Franco
compara FHC
ao ditador
Júlio César
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O ex-presidente Itamar
Franco aproveitou ontem seu
depoimento perante a Justiça
Eleitoral para
atacar o presidente FHC.
Itamar, que depôs sobre a denúncia de uso da máquina do governo na obtenção do apoio do
PMDB à reeleição, comparou FHC
ao ditador romano César. Ele fez o
comentário com base em uma foto
do presidente ao lado dos líderes
da ala governista do PMDB, tirada
um dia após a convenção do partido, realizada no dia 8 de março.
"Lembrei-me dos tempos de César", disse o ex-presidente.
Os peemedebistas aliados ao governo teriam ido ao Palácio do
Planalto para comemorar a vitória: a rejeição da proposta de lançamento de candidato próprio do
partido a presidente da República.
Na transcrição do depoimento, a
referência a César foi suprimida.
Durante duas horas e meia de interrogatório, Itamar disse que não
tinha provas sobre a liberação de
recursos públicos em troca de votos dos convencionais.
Citando reportagens de jornais,
o ex-presidente disse acreditar que
houve abuso e classificou a convenção de "fascista".
"Cheguei à dolorosa conclusão
de que o governo realmente interferiu na convenção do PMDB."
Demonstrando mágoa com seu
sucessor, Itamar acusou FHC de
ter assinado, indevidamente, a cédula do real na época de seu lançamento, em 1994, e de ter utilizado
esse fato durante sua campanha a
presidente da República.
"Pedi ao então candidato, talvez
ele tenha esquecido, que não fizesse isso. Foi uma falha minha. Ele
não poderia ter assinado a cédula,
porque já não era mais ministro
(da Fazenda)." O real foi lançado
em 1º de julho de 1994, quando
FHC já havia deixado a Fazenda
para concorrer à Presidência.
Em vários momentos, Itamar
afirmou ao corregedor-geral da
Justiça Eleitoral, ministro Nilson
Naves, que não dispunha de provas porque estava fora do país.
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